terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Sobre o "Fim do Mundo"

Como é do conhecimento geral existem uns tantos, desde há milhares de anos, que é do seu prazer expressar longas teorias ou explanações sobre “o fim do mundo”.
Pergunta-se qual “mundo”?
Será o mundo império da possibilidade, onde todas as coisas vagueiam, em todas as direcções tangentes a todas as curvas de variação, a perder totalmente de vista, se desconhece o seu início e é palco do mundo próximo?
Será o mundo próximo, onde o “eu” e a “coisa” se conjugam em circunstancialismo, por possibilidade e se desconjugam por impossibilidade, em que as circunstâncias não se encontra reunidas?
O “eu” é algo incompleto que procura evoluir pelo império e a “coisa” é lata e vaga. Apesar das várias conjugações estabelecidas entre eles é possível haver outras conjugações que, ainda, não atravessaram o entendimento.
Será o fim do “eu”, e por consequência, o fim de qualquer conjugação que ele possa estabelecer?
Mas, repare-se no conjunto império de tantas e tantas coisas, a grande parte fora do entendimento do eu, é sempre possível conjugar duas coisas, podendo muito bem ser, não já o “eu” e a “coisa” referidos, mas “outro eu” e “outra coisa”.
Face à dimensão colossal de tal império, para além de todos os limites do nosso entendimento, ele enquanto possibilidade em si, será eterno.
É bem possível que, se todos os “eus” não criem as condições necessárias e suficientes à sua manutenção no “mundo próximo”, em que são, mas não são nas mesmas condições de determinação das circunstâncias, bem podem deixar ser. Quem é, mas não é, no mesmo quadro de circunstâncias?

Nesse império de possibilidade haverá lugar para ser, não ser, no mesmo quadro de circunstâncias?
A resolução deste enigma, bem poderá ser (ou, provavelmente será) o fim de um mundo e o início de outro.
Somos prisioneiros do pensamento. Melhor dizendo, somos prisioneiros da “ideia”. Acima de tudo, somos prisioneiros da variação na extensão, segundo o tempo; porque cada “eu” toma e é parte da variação. 
Só que o “eu” vai acordando segundo determinações pelo somatório de várias épocas. Hoje, é um “eu” aberto e descomprometido, que continua sempre determinado pela possibilidade e se mantém pronto a conjugar-se em novas circunstâncias com nova “coisa” e, assim, jogar num novo “mundo próximo”.
A curiosidade do homem pelas “coisas” e pelo conjunto, designado por “mundo”, onde se determina, é uma grande ferramenta.
O que o homem sempre teve noção é que “o mundo” varia entre extremos e nesse caminho é muitas vezes violento dado o movimento das coisas, dadas as dimensões e proporções dos acontecimentos. O “mundo” põe em causa a vida. Desde sempre, para além do fascínio, teve sempre temor quando ele varia a caminho dos extremos. Ao ter esse temor, o homem procura protecção. É o que chamaria a psicose do desconhecido. Psicose que se revela, também, na ansiedade que se apodera do homem ao querer se inteirar dos múltiplos mecanismos do “mundo”. É melhor eu procurar saber por antecipação, antes que tal coisa possa ocorrer. Isto porque, se sabe que existe um campo de possibilidade, e dentro deste posso destacar outro campo (ou deslocar sobre ele), que é o campo de probabilidade, face à grandiosidade de acontecimentos, muitos deles desconhecidos.
Levou muitos anos, apesar de muitos esforços civilizacionais aqui e ali, para o homem sistematizar o possível e o provável. Ainda hoje, é uma luta sem tréguas, senão de desespero.
Convém salientar que o homem só é se: o mundo variar, mas a tal ponto que se reúnam um conjunto de condições numa extensão, durante um tempo, condições essas que são atributos da sua essência.
Este fascínio pelo que acontece, esta ansiedade em procurar saber e a incapacidade de sentir empurra o “eu” pelo que não vislumbra no seu entendimento. É esta com certeza a esperança.
Apesar de tudo isto, hoje é dia de nova geração e de nova finitude e de novo voltar a ser.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Umas Ideias Soltas por influência

A nossa percepção e a cultura indicam-nos que o mundo varia, as coisas variam através do movimento de um lugar a outro na extensão, constatamos a variância, a oscilação das coisas, e aceitamos tal situação se somos impressionados dentro de um quadro de modulação de oscilações, por nós admitidas enquanto ser. Em termos relacionistas, porque é aceitável por todos que se estabelecem relações temporais, unívocas segundo “eu” e biunívocas entre o eu e mundo. Variando os modos das coisas, oscilamos também nós sempre que as relações são activas. Sendo certo que também somos causa de variação sobre as coisas. Não sofremos só os efeitos, como provocamos alguns. Este ser afectado e afectar provocam em nós variações do nosso estado emocional, desde a dor ao prazer. A nossa condição de ser, não nos permite permanecer por tempo indeterminável no limite dor ou no limite prazer. Embora não descurando os limites e o estar neles, é natural procurarmos estados intermédios de variação por tempos mais consentâneos com a nossa condição. O que não quer dizer que se fuja totalmente ao prazer e que se elimine totalmente a dor. “…O caminho para que isso aconteça é aumentar o nosso conhecimento, a nossa loja de ideias adequadas, e eliminar, tanto quanto possível as nossas ideias inadequadas…” ao nosso ser.

Portanto, o homem tem que reconhecer na vida uma zona equilibrada sustentável de conforto físico e emocional para sobreviver. Não se pode esquecer do modo.

FM/

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Pelos Caminhos de Barukh Spinoza

Algo, por agora:


No seguimento da admiração, em certa altura, de Leibniz por Spinoza viajarei por entre momentos da sua vida e obra, entre outros e ele, entre ele e os outros. Aliás, duas visões sobre as coisas que se tocam e se afastam. Ambos, morrem sós e abandonados.
Até ao momento, a primeira impressão que fica é de homem austero, frugal, estudioso, que desenvolveu as suas ideias e se manteve firme nas suas convicções. Tinha a sua perspectiva sobre as coisas e não abdicou delas. Foi fiel aos princípios que defendeu. Talvez, se tivesse outro modo de estar e ser na vida, outro trabalho e outra saúde, poderia ter aprofundado uma ou outra visão das coisas de outros interessados da sua época, o que levaria a mudanças nas suas noções. Mas, a morte interrompeu-lhe o caminho. Não era fácil viver nas circunstâncias que o rodeavam e viver praticamente isolado. Eram outros tempos. Se as coisas não fossem assim, eu não estaria aqui a caminhar com ele, através das suas palavras e das dos outros a respeito do seu pensamento.
Dá-nos, em termos teoréticos, uma imagem da substância suprema que não partilho totalmente, mas a ver vamos. Vai-se subindo as escadas devagarinho, saboreando degrau a degrau.

Desde logo, algo incompreensível num mundo de homens, mas a história é assim mesmo, de vez em quando, em nome seja lá do for, surgem as asneiras, e gravíssimas por continuarem por muito tempo:
" A inquisição tem início em Portugal com o pedido da sua instauração feita por D. Manuel I ao Papa, em 1496, por motivos das contra-partidas do seu casamento com uma princesa espanhola. É oficialmente estabelecida em 1531 pela bula papal para o efeito de Clemente VII. Era um tribunal eclesiástico junto da corte, teve a sua expansão e terminou com a Revolução Liberal, em 1821, embora continuasse em termos religiosos, sob a forma de Congregação Para a Doutrina da Fé. Essencialmente, baseava-se na denúncia popular, sendo depois analisada pelo tribunal inquisitorial competente da zona e finalizava com o respectivo julgamento. Uma estrutura que servia a igreja e a corte na eliminação de todos aqueles que se lhes opunha e não professavam a religião católica instituída".
Portanto, por vezes, trilham-se caminhos que mais valia não entrar neles, mas a história cá está; se honesta, crítica e objectiva não esconde.

Marrano - gentio convertido à força ao Catolicismo, como os judeus, os muçulmanos e outros com confissão religiosa ou sem ela.

Os judeus portugueses daquele tempo e anteriores eram descendentes da comunidade Sefardim que se estabeleceu na Espanha, advindos da Judeia, daí eles ser apelidados de sefarditas.

Saliento o grande papel do Santo João Paulo II na limpeza definitiva destas questões gravíssimas que aconteceram e foram provocadas por um submundo de homens. É Santo por isso mesmo.

Mais de quatrocentos anos para admitir a liberdade! Serão precisos mais quatrocentos para adicionar à liberdade a responsabilidade? E, serão precisos mais dois mil e poucos anos para se perceber que o horizonte não é destes poucos e daqueles, mas de todos?
Talvez.
São meras impressões tornadas públicas.



quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Pequena História da Vida de Aristóteles (9)

Trajectos de vida de um grande homem, sem ele outros não o seriam. Hoje somos diferentes porque raciocinámos diferente, em parte devido a ele.


... há sempre um devir

Pequena História da Vida de Aristóteles (8)

A Morte Física


323 A.C. Morre Alexandre na Babilónia, derivado às febres, após treze anos de reinado.
Surge Demóstenes a encabeçar a revolta ateniense contra os macedónios, que os vence e expulsa. A filosofia de ideias objectivas de Aristóteles teve sempre reacção negativa do sacerdote Eurimedote que o acusa de impiedade.
Pela lenda, literatura, história a Grécia e a Macedónia estão ligadas. Quando a Macedónia empobrece desprezam-na, quando enriquece temem-na, por outro lado as piram à conquista da Pérsia.
Para um ateniense, a Macedónia é selvajaria, terra de rudes montanhas, vales fundos, florestas verdejantes, abruptas quedas de água a natureza é exuberante, as bacantes têm ali o seu domínio, lá se encontram os ritos, os gritos orgiásticos e os latidos dos cães, tudo isso desagrada muito ao seco cidadão ateniense. Para o ateniense Aristóteles será sempre um meteco (estrangeiro).
Acusam-no de ateísmo, de impiedade, de defender o ideal macedónico e de asebeia e de colaborar com os macedónios, descobrem um hino-poema (pean) dedicado ao tirano Hérmias. A isto juntou-se a inimizade dos intelectuais e os discípulos de Isócrates.
Aristóteles tem 61 anos, sem esperar pela decisão do tribunal acusatório, abandona a direcção da escola. Os sentimentos anti-macedónicos dos atenienses levam-no à pressa a abandonar Atenas, para não se dar outro crime contra a filosofia, como os de Anaxágoras, Diágoras, Protágoras e Sócrates.
Entrega a gestão da escola a Teofrasto. Olha pela última vez para a escola, com os manuscritos, Herpília, os filhos Pítia e Nicômaco retira-se para Calcis, terra da mãe, na Eubéia. Atravessa o estreito de Eurico, que separa a ilha da Ática.
Instala-se na casa que fora de sua mãe, propriedade de boas dimensões. Projecta inúmeros trabalhos, mas não tem a sua biblioteca, os seus amigos, embora esteja perto do mar e das gentes. Está doente do estômago a algum tempo, o corpo já não reage.
Em Atenas humilham-no e retiram-lhe as honras.
Antipater derrota os gregos e retoma Atenas, mas Aristóteles já não tem forças para voltar.
Um pouco de ficção pessoal:
Depois de tomar um bom banho, sentou-se na mesa a olhar o mar, pensativo, com um ar calmo e sereno, mas ao mesmo tempo com as dores habituais no estômago. Come alguns bocados de pão de cevada, molhado em água e vinho, algumas nozes e figos secos, um pouco a contragosto. Como que retém, acutilantemente, pelas últimas vezes, o diverso, em busca do que é semelhante e do que é diferente. Adormece e no seu cérebro circula: Alguma coisa ficou feita, tanta coisa fica por fazer. Um caminho existe, não faltará quem o alargue e prolongue…
Entre os seguidores do liceu, destacam-se Eudemo de Rodes e Andrónico de Rodes, organizador das obras (século I).
Revolta dos gregos contra os Macedónios na Guerra Lamiana.
Na Batalha de Amorgos capitulam os gregos e dissolve-se a Liga de Corinto.
A Grécia irrompe em novas guerras de sucessão. Impuseram-se os Antagónicas na Macedónia, a monarquia Selêucida no oriente e a Ptolomaica no Egipto.
322 A.C. Morre no verão deste ano, após enfermidade aos 62 anos, sem se saber as circunstâncias.
215 A.C. Filipe V da Macedónia alia-se ao cartaginês Aníbal na defesa contra os romanos.
197 A.C. Os romanos derrotam esta aliança na Batalha de Cinoscéfalas. Dominam respeitosa e prudentemente os gregos.
146 A.C. Os romanos submetem definitivamente os gregos, as cidades perdem a sua autonomia.

Pequena História da Vida de Aristóteles (7)

... Estado adulto (continuação)


335 A.C. Sobe ao torno Alexandre.
Alexandre liquida a sublevação dos Trácios, Ilírios e Tebanos. Confia a Antípatro a regência da Macedónia e o governo da Grécia. Para o governo de Atenas é nomeado Antipater, protector da cultura e amigo de Aristóteles. Alexandre com vinte anos, relança o projecto de invasão da Pérsia. A Liga de Corinto nomeia-o Comandante Supremo e coloca os Gregos debaixo do seu domínio.
Alexandre, a pedido de Aristóteles, reconstrói Estagira.
334 A.C. Alexandre cruza o Hellesponto, atravessa o Bósforo. Avança pela Ásia a dentro, derrotando Dário III na Batalha de Granico e rumou até à Índia.
Com 49 anos, Aristóteles dirige-se para Atenas, na companhia do seu amigo Teofrasto. Na Academia Platónica está o seu amigo Xenócrates. Mas, decide fundar a sua própria escola, não esquecendo as divergências que tinha com aquela escola, defende uma escola não voltada para a matemática, mas virada para as ciências naturais. Alexandre é o seu mecenas e prontifica-se em o financiar. Num bosque a nordeste de Atenas, onde existe um templo dedicado a Apolo Liceano (Lykaios), (Lício), adquire um ginásio, ladeado por alamedas (peripatos) cobertas de árvores frondosas e embelezado com colunas (peristilos). Neste vasto espaço constrói depois a biblioteca, museus para as colecções, salas de trabalho, …
Ao contrário da Academia Platónica, O Liceo (Lykeion) ou escola peripatética privilegiava as ciências naturais. Aristóteles dedica-se ao estudo e sistematiza os seus cursos, recolhendo materiais de outras filosofias passadas e presentes. O trabalho cobria os campos do conhecimento clássico: filosofia geral, filosofia primeira, lógica, ética, política, retórica poesia, biologia, zoologia, medicina. Estabeleceu as bases das disciplinas quanto à metodologia científica. Recolhiam informações acerca de tudo e organizavam depois esses dados num sistema global. Era um grande centro de estudos, em que os mestres se dividiam por especialidades, não apenas filosóficos mas, igualmente, de ciências naturais dotado de um grande acervo de livros.
Alexandre para além da ajuda financeira, também lhe enviava exemplares da fauna e flora dos povos por onde passava.
Com a ajuda do fiel amigo Teofrasto ensina durante 12 anos.
Os cursos esotéricos (acroamáticos), na forma de …, para os alunos internos e os exotéricos, na forma dialéctica para o público em geral. Os alunos eram conhecidos como os peripatéticos, nome decorrente do facto de Aristóteles ensinar ao ar livre conversando e discutindo, passeavam sob as árvores das alamedas que circundavam as instalações da escola. Passear, obedecendo à natureza, activa a digestão, a bílis, o sangue e o calor.
Aristóteles não apreciava os excessos de Alexandre, ele é o criador do bom-senso, o justo meio que se situa entre o defeito e o excesso. Desaprova o seu comportamento. Não lhe perdoará a morte de Clístenes, seu sobrinho querido, que não aceitava Alexandre como sendo um deus.
...



terça-feira, 6 de novembro de 2012

Pequena História da Vida de Aristóteles (6)

Estado Adulto (continuação)




347 A.C. Morte de Platão. Para a direcção da Escola e em testamento, Platão escolhe Eupeusipo, seu sobrinho, professor medíocre, que acaba por morrer devorado pelos piolhos. Aristóteles abandona a escola por divergências quanto à nova orientação, discordava da matematização da filosofia, e por outro lado, o espírito puro sentiu-se preterido e julgava-se mais capaz para o lugar.
Transfere-se após uma atribulada viagem para a cidade de Atarneus - Assos, na Eólida, Ásia Menor, litoral da Turquia actual, na companhia de Teofrasto, Xenócrates e outros alunos da academia, juntando-se a uma comunidade de ex-alunos da escola de Platão, protegidos por Hérmias, rei de Atárnea, seu amigo, também ex-aluno da academia platónica, eunuco, escravo liberto, rico, poderoso, amigo da filosofia é agora o tirano. Com este grupo funda um círculo filosófico. Aqui permanece, mais ou menos, três anos. Não é sua intenção moralizar Hérmias, junto ao mar e às pessoas, aproveita para desenvolver os seus estudos, lê e escreve, desenvolvendo aqui a maior parte das suas investigações biológicas.
É aqui que conhece Pítias, sobrinha de Hérmias, com quem vem a casar.
345 A.C. Até que, Hérmias é traído, entregue aos Persas, eles descobriram que Hérmias estava a colaborar com os macedónios, matam-no, crucificando-o, em Persópolis.
344 A.C. Com o assassínio de Hérmias parte para Mitilene, capital de Lesbos (Safos), com Teofrasto. Este era nativo desta cidade. Aí continua as suas investigações biológicas.
343 A.C. Seu amigo Filipe II, dada a sua notoriedade, convida-o para morar na sua residência e ser preceptor de seu filho Alexandre, agora com treze anos. Aristóteles exerce grande influência sobre Alexandre, ao ponto do futuro rei adormecer com a Ilídia de Homero e sonhar com os feitos de Aquiles. Tendo manifestado grande interesse pelas discussões filosóficas, investigação da natureza e pelos diversos saberes da época, fez-se acompanhar de investigadores nas suas expedições. Aristóteles ensinou-lhe aquilo que era vital para a sucessão. Aristóteles é tutor residente em Pela durante dois ou três anos, até à famosa expedição asiática, daí em diante até 336 deixa a residência do palácio real, prestando a sua colaboração e aproveitando para gerir as suas propriedades em Estagira.
No entretanto, em casa de seus pais verifica que precisa de mulher. Após a morte de Hérmias, a sua sobrinha Pítias encontra-se em Pela protegida por Filipe. Como o conhecimento amoroso já vem dos tempos de Assos acaba por casar com Pítias. Do matrimónio nasce a sua primeira filha Pítias.
Pouco tempo depois morre Pítias, junta-se à bela cortesã Herpília, a qual lhe dará um filho, Nicômaco, nome atribuído segundo a tradição.
338 A.C. Batalha da Queronéia, Os macedónios derrotam os gregos.
337 A.C. Filipe num congresso une todas as cidades gregas numa confederação, Liga de Corinto, com excepção de Esparta no Peloponeso.
336 A.C. Assassinato de Filipe, paragem no processo de invasão da Pérsia.





Pequena História da Vida de Aristóteles (5)

(intervalo)


Ao longo do trabalho várias situações a averiguar se colocam: uma respeita ao ano, colocar o ano é um marco de referência, o que não significa que o acontecimento ou facto histórico tenha ocorrido nesse ano, mas o ser possível que tenha ocorrido por volta desse ano.
Outra, é a data e causa da morte dos pais. Um teria um morrido antes do outro, ou teriam morrido os dois no mesmo ano?
Outra, ainda, é a morada da irmã e do cunhado seus tutores.
Acrescento outra, quando e onde conheceu Pítias.
Portanto, este trabalho será um princípio que aos poucos será reformulado.
Alerta-se para o facto de existirem neste imenso livro sítios cujo valor científico é indiscutível que devem ser lidos, dou como exemplo o da Academia Brasileira de Letras (assunto: Aristóteles).
As mensagens não visaram qualquer leitura de documentos em língua diferente que a Língua Portuguesa, algo a explorar.
Relativamente ao pensamento de Aristóteles não será objecto deste conjunto de postes.
Em eventual trabalho futuro passará a constar uma discriminação precisa das fontes, segundo as citações. Como não foi agora efectuado, apresento as minhas desculpas aos leitores e autores. Fontes:
http://www.nomismatike.hpg.ig.com.br/
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/civilizacao-grega/grecia-antiga.php
Consultas de sítios no Google-Aristóteles, desde a primeira página à 40.
Consultas de sítios Google-Aristóteles Biografia, desde a primeira página à ...
Correcções(2011):30.04, 01.05, 02.05, 03.05, 06.05,

O que se pode resumir até este ponto?
O que vale é a procura. É o caminhar para o fim que não sabe "o seu quando"

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Pequena História da Vida de Aristóteles (4)

Estado Adulto


363 A.C. Tem dezassete anos entra na academia de Platão, (Platão tem 61 anos), a noroeste de Atenas, num ginásio dedicado ao herói Hecadémio, onde vai ser um brilhante aluno e professor.
É já um homem elegante, cabelo cortado e com a barba feita, mas é um meteco (estrangeiro) e um provinciano, com dificuldades na língua ateniense. A voz de Aristóteles é branda, fraca, tímida e macia, quase gagueja. Aristóteles não é um orador, mas um leitor.
Atenas no seu tempo era um grande centro cultural e artístico, invadida por muita gente variada, vive-se uma vida versátil animada e faladora. Fala-se muito depressa e usam expressões que não decifra. Cidade muito poeirenta, com o ar sufocante, húmido e onde se respirava mal. No entanto, era cosmopolita, abundavam: os grupos, boatos, a intriga, a inveja, vexações, conspirações e o diz que diz (a docha). Aristóteles frequentava os pontos de encontro, as tertúlias, os artesões, os comerciantes, os soldados, as gentes do porto, a boémia. Gosta do vinho, rir, ouvir anedotas e historietas, dos fait-divers e de mulheres. Deixou-se cair pela beleza e graça masculinas aqui e ali, não sendo o seu forte. Partilha a filia (a amizade), a afecção da alma, necessária para um homem completo e perfeito e para a organização da Polis.
Foi discípulo de Platão e Menaecmus, vindo a ser também professor.
Teofrasto foi o seu amigo fiel até à morte, confiou-lhe o seu testamento e a gestão da sua futura academia. Xenócrates, marrão e teimoso, é outro dos amigos fiéis.
Na academia não há carreiras, exames cursos com limites, não é imposto um tempo fixo de permanência, pode-se ficar o tempo que quiser, sair e entrar pelo tempo que se entender e desejar. O estímulo é uma palavra elogiosa do mestre.
Segundo Platão ele era um dos dois melhores alunos da academia.
A escola é um mini cosmos da sociedade e da cidade.
Platão abomina a docha (opinião, o diz que diz, rumor, o que se ouve). Aristóteles dá atenção à docha para a avaliar ou dela extrair o contrário. Esta será uma discordância não conflituosa entre os dois. Será sempre pró-platónico mesmo divergindo, “amigo de Platão, mas amigo da verdade”.
362 A.C. Batalha da Mantinéia. Assinado o tratado de paz entre Atenas, Esparta e Tebas. A exaustão e a depauperação de meios fragilizaram-nas.
356 A.C. Tem vinte oito anos. Nasce Alexandre o Grande da Macedónia.
Filipe II amigo de infância de Aristóteles inicia o processo de expansão da Macedónia.
Unifica o reino, incentiva a saída para o mar, conquista as minas de ouro do monte Pangeu, rearma os seus exércitos com novos equipamentos e cria a temida

...

Pequena História da Vida de Aristóteles (3)

Nascimento, Infância e Adolescência


380 A.C. Aristóteles nasce na Macedónia, norte da Grécia. A sua cidade natal é Estagira, actual Stávros (nordeste da Grécia), pequena cidade marítima dum golfo do mar Egeu, fica na Calcídica, junto ao monte Athos. Esta cidade fica a um dia de viagem de Pela, capital da Macedónia.
A Calcídica foi fundada por colonos gregos de Calcis, na Eubeia, terra de sua mãe.
Seu pai, Nicômaco, e seu tio, filhos de Macaon, são médicos do rei de Amintas II, actividade que esta família desenvolve há dez gerações no palácio real. Para além de médico do palácio, Nicômaco é amigo do rei.
Amintas II é neto de Esculápio, pai do futuro rei Filipe II e avô do futuro rei Alexandre II, Alexandre o Grande.
Sua mãe é Féstias, Phaestis, imigrante de Calcis
Ao nascer o pai coloca-o aos seus pés, para exercer o seu direito de vida ou de morte, e salva-o pegando-o nos seus braços, o pai deseja para ele um futuro auspicioso.
Os pais deram-lhe o nome grego, contrariando a tradição de atribuir aos filhos o nome do avô. Se optassem pela tradição chamar-se-ia Macaon.
Ele tem duas irmãs mais velhas: Arimnesta casada com Próxenes, pais de Clístenes, e de … (em averiguação).
379 A.C. Fim da decadência de Esparta, Início da influência de Tebas. Derrota da guarnição espartana de Tebas.
378 A.C. Nasce Filipe II da Macedónia, filho de Amintas II.
Aristóteles tinha dois anos quando nasceu Filipe.
Mais tarde, no convívio e brincadeira nos jardins do palácio real torna-se amigo de Filipe.
Filipe é mais dado a exercícios de cavalaria, tiro com arco e caça, Aristóteles é mais reservado, embora ambos manifestem a paixão pela natureza. Percorrem florestas, conhecem plantas, animais, aves e peixes. É aí que desperta para a biologia. As crianças mantêm uma relação de amizade, afável, embora com divergências.
Em vez dos hábitos palacianos, Aristóteles prefere o mar e as suas gentes. Inicia a investigação dos animais marinhos, ensinado pelo pai terá feito as primeiras dissecações. Por intercepção do pai e do tio, interessa-se pela biologia e fisiologia, habitua-se a olhar para a natureza e a proceder a experimentações.
Satisfaz a sua curiosidade nos livros que decora. Lê poesia, nomeadamente, Homero e os grandes filósofos. Não é sobredotado, mas é trabalhador, paciente, atento e curioso.
Era desejo de seu pai que frequentasse uma escola de Atenas.
374 A.C. Tratado de paz entre Atenas, Esparta e Tebas. Reconhecimento da influência espartana no Peloponeso e da Segunda Liga Marítima Ateniense.
Apogeu da influência da Tessália, a sul da Macedónia, e de Tebas, mais a sul. Restauração da Liga Beócia. Reaproximação Esparta Atenas.
373 A.C. Tem sete anos de idade quando morre seu pai Nicômaco.
371 A.C. Batalha de Leuctras, Epaminondas dizima completamente a infantaria espartana.
369 A.C. Morte da Mãe, vai viver para a casa da sua irmã Arimnesta e de seu cunhado Proxénos, que passam a ser os seus tutores. A casa da irmã fica em Mísia perto de Pela.
Durante a adolescência vive entre e para os livros. Muitas perguntas nascem na sua cabeça e, eventualmente, as respostas.
Torna-se amigo de Hérmias, futuro aluno de Platão e ditador de Assos.
Enquanto jovem coloca-se o problema de seguir para Atenas para prosseguir os estudos.
Tem duas grandes opções:
Uma, a academia do sofista Isócrates, que preparava os alunos para a vida pública.
A outra, era a academia de Platão, dedicada à episteme (ciência) como fundamento da realidade, para a admissão era obrigatório conhecimentos de geometria.
...

Pequena História da Vida de Aristóteles (2)

Do Antes

...

3.000 A.C. Início da Idade do Bronze.

2.600 A.C. Invasão dos povos da Anatólia.

2.000 A.C. Invasão dos povos Indo-Europeus.

1.600 A.C. Surge a Civilização Micénica.

1.200 A.C. Invasão dos Dórios e fim da Civilização Micénica.

776 A.C. Início dos Jogos Olímpicos.

500 A.C. Início da Civilização Jónica.

490 A.C. O persa Dário I invade a Grécia e é derrotado na Batalha da Maratona.

480 A.C. O rei persa Xerxes destrói Atenas. É derrotado na Batalha Naval de Salamina.

479 A.C. Os exércitos de Xerxes são dizimados na Batalha de Plateia.

477 A.C. A liga de Delos une Atenienses e Jónicos.

476 AC. As cidades de Naxos, Tasos, Corinto e Esparta (Liga do Peloponeso) iniciam a contestação da supremacia de Atenas.•

Entretanto dá-se a Guerra do Peloponeso, durante 30 anos. O choque entre Atenas e as cidades de Corinto e Corcira levaram a Liga do Peloponeso a declarar a guerra a Atenas.

Após a guerra do Peloponeso, as cidades assinam um acordo de paz, mas Esparta impõe o seu poder oligárquico em toda a Grécia.•

387 A.C. Platão funda a sua academia.

...

Pequena História da Vida de Aristóteles (1)

1.Publicada no meu blogue Intuição (encerrado)


Enquadramento histórico, segundo o meu pensamento, centrando-me sobre O Estagirita:

Não é minha intenção escrever um artigo de cariz científico, nem estou certificado para tal, mas antes de tudo, tirar uma fotografia resumo, alicerçado em leituras feitas na net, para além de muitas outras que não faço menção. Não esqueço e respeito tantos homens e mulheres que se dedicam com afinco a estas matérias, dentro delas muitos Brasileiros e Portugueses. Faço-o levado por uma ideia: faltava qualquer coisa nesta multiplicidade de sítios. Será fraco por ventura, mas deu prazer e trabalho. Procurarei ser o mais correcto possível.
No caminho li umas palavras do Sr. Professor Franklin Leopoldo e Silva (USP), que passo a citar:
"… A ignorância filosófica é, portanto, o fundamento da liberdade de saber; pois se trata de um conhecimento que procuramos movidos pela admiração, que é algo como uma espontaneidade gratuita quando comparado à necessidade, à urgência de saber aquilo de que precisamos para viver. Quando submetidos à necessidade, somos menos do que homens, somos escravos; quando movidos pela admiração, quase superamos a condição humana, pois nos colocamos na via de um saber divino: mesmo que não o alcancemos, diz Aristóteles, nossa dignidade está em buscá-lo".
É!!!
...
Portanto, este trabalho será um princípio que aos poucos será reformulado, de modo a estar mais condizente com a verdade. Sempre que novas informações surgirem serão vertidas para o conteúdo aqui presente. O tempo pouco importa e a mania das grandezas muito menos.
Fontes: http://www.nomismatike.hpg.ig.com.br/
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/civilizacao-grega/grecia-antiga.php

segunda-feira, 19 de março de 2012

Casa de Lava


Filme de Pedro Costa


Inês de Medeiros
Isaach de Bankole

Lisboa
Cabo Verde

O Pedro Costa é um obreiro que com as suas ferramentas constrói dificuldades à nossa mente, permitindo-nos a análise.
Escolheu bem o local, as pessoas, o movimento, a luz e os sons para desenvolver a sua obra.
Temos vindo a dizer “mundo”, em virtude das mudanças das coisas. Os movimentos telúricos contribuem para isso.
Há muitos milhões de anos, esses movimentos ciclópicos fizeram surgir no meio do Atlântico umas quantas rosas, que mais parecem cactos carregados de espinhos, aguardando ansiosamente por água. Como ela raramente aparece, o inóspito conduz ao vegetar da vida, à quase morte, ao sujeito da morte súbita, ao convívio entre a vida e a morte, sempre na busca da sobrevivência. Ficou a morna, a “Sodade” dançada descalça, gente boa, comida do melhor e uns quantos narizes, bocas e cabeças com muito de europeu, num suporte africano.
A mulher portuguesa, flor só e solidária, procura esperançosa por uma nova vida, lá longe, acompanhando a fronteira entre a vida e a morte. Com a sua força inquebrantável debate-se perante o letárgico e o inóspito inesperados. Mantém-se firme, expulsa e acolhe sentimentos. Impõe as suas regras de conduta, trás de novo a vida, quando para muitos não importa, é natural. Luta e colabora por melhor sobrevivência naqueles locais, só que alguns dias e uma só pessoa são pulsões pouco intensas para tanto infortúnio.
Por muito que não queira, concluiu que todo o seu esforço foi em vão porque face a todo aquele condicionalismo tudo volta ao mesmo, à luta pela vida, com a morte sempre a espreita, e aqui e ali uma vontade de fugir. Mas, para onde? Para uma cova?
Não, isso não.   
Esquecemos que ficou muito de nós naquelas paragens, onde se luta pela manutenção à tona de água.  
A solução nunca é um gueto, nem a mágoa é totalmente apagada com uma garrafa de água ardente.

sexta-feira, 16 de março de 2012

segunda-feira, 12 de março de 2012

Ler e Schopenhauer



É um dos meus companheiros com quem convivo nas horas que considero vagas.
Para além de nos falar como ele encara a leitura, também fala como ele encara o amor, a vontade, …, e como é viver (“Arte de viver” – uma grande discussão que tivemos). Mas, todos aqueles que lêem os outros com a visão profunda da crítica, sabem o que procuram, e a leitura não passa, nem passará de um lançar de pistas. É sempre bom ter pistas porque muitas vezes as coisas acontecem e fazem-se, mas não se reflecte com profundidade sobre elas. Há períodos da vida em que é bom conviver com gente que pensa, melhor dizendo com muita gente que pensa a fundo.

Uma casa tem a sua frontaria, mas também tem o seu interior, cada um abraça-as como entende. Repare-se que a casa só é casa se tiver, entre outras coisas, a frontaria e o interior, sem descurar a paisagem que a envolve. Se passarmos a vida a olhar insistentemente para a frontaria, mesmo que seja por todos os lados, pouco acrescentaremos a aquilo que chamamos casa. Quantas vezes não acontece que nem sequer olhamos para a frontaria, quanto mais para o interior.
Só que curiosidade mata. Batemos à porta. Não nos respondem. Procuramos entrar pelas janelas, levantamos as telhas, fazemos buracos no chão e fazemos asneiras também. A intenção não é roubar ninguém, é, pura e simplesmente, matar a fome à dúvida, depois da perplexidade, e assim ir calcorreando essa e outras curiosidades.
Ai, quando se encontra a linha da meada! Puxamos, puxamos, cada vez mais experimentando a dificuldade. Sempre resta, no entanto, aquela satisfação de se estar nuns degraus mais acima. Sentados num deles, pensamos, é pouco e ainda faltam tantos. Mas, porra, somos homens, não vai à força de músculo, vai com o auxílio de instrumentos.    

Então, qual será o prazer de tamanha façanha?
A resposta é rápida e ligeira.
Com os estragos que fiz nesta, melhor abarcarei a próxima. Não será mentira que até para fazer estragos, concretizamos alguns passos no interior da casa.   

É facto que ler e escrever muito dos outros tem os seus perigos. Esse propósito concretizado não será o conhecer dos nossos limites, o deslumbramento pelo o que não passa nas nossas ideias ou o tocar indelével no inatingível?
Ler e escrever muito dos outros vai para as gavetas e de lá um dia sairá as novas ideias.  

sábado, 10 de março de 2012

Pequeno Ensaio Sobre Princípios da Monadologia



Segundo a língua grega “Monas” é unidade e “Logos” é tratado ou ciência.
O interesse não é estabelecer um tratado, antes de mais, é dar uma interpretação ao início do lido na tradução de Luís Martins e Outros sobre aqueles Princípios.

Aristóteles dava muita importância à observação e à experimentação. Leibniz não é um neo-aristotélico. É um pensador influenciado por Aristóteles, criticou-o e desatou algumas das pontas que ele apresentou. 

Da percepção da natureza, ou até indo um pouco mais longe, por entre o plenum-universo, o composto começa e acaba por partes. 
No meio, entre o seu início e o seu fim, ele é um “montão” (aggregatum, colecção, conjunto) de substâncias simples, isto é, sem partes.
Onde não há partes, não há extensão, nem divisibilidade possível.
Tomadas como partes, essas substâncias são elementos das coisas, agregam-se por combinação até formarem o composto. Elas são elementos reais e verdadeiros da natureza.
Não há maneira pela qual a substância simples comece naturalmente – não há geração.
E, não há maneira concebível pela qual a substância simples possa perecer naturalmente – não há dissolução a temer. Logo, as substâncias simples não podem começar, nem acabar; excluindo o instante onde podem começar por criação e acabar por aniquilação.

Lavamos as mãos no físico e, daqui em diante, vamos transpor a barreira para o mundo metafísico, em que substância simples, já não será infinitésimo, átomo ou ponto, será – a mónada.  

quinta-feira, 8 de março de 2012

Os passos de Leibniz (III)

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Disputatio Inauguralis de Casibus Perplexis in Jure”, escrita em 1666.
Tem a oportunidade de assumir uma cátedra nesta universidade, mas Leibniz é um homem que sabe o que vale e o que quer, rejeita o lugar, pensa noutra direcção, tem outras aspirações.
Decide estudar alquimia e entra para a sociedade “Rosa Cruz”, sociedade alquímica em Nuremberga, onde vem a ser seu secretário. Participação que lhe abre as portas da política.
E surge a oportunidade, a continuação de uma vida fulgurante que termina na solidão e na tristeza pelo desprezo pela sua pessoa. Nesta cidade trava conhecimento com o barão Johann Christian Von Boyneburg, ministro do eleitor de Mainz-Frankfurt, O bispo Philipp Von SchOnborn.

Abaixo destaco Leibniz como um dos reis da metafísica, o que denota ingratidão e injustiça porque também estamos perante um grande matemático, físico, jurisconsulto, diplomata, bibliotecário, correspondente, e na filosofia abarca várias áreas, não só a metafísica, como ainda a filosofia da religião e a lógica. Colocá-lo como um dos reis da metafísica tem o seu sentido.
No espaço bidimensional dá-se uma variação. Aos elementos de uma dimensão x correspondem os elementos de outra dimensão y, isto é, os “x” aplicam-se nos “y”, os elementos de x são função de y. Leibniz nota y = f (x). Pensa mais, se os valores atribuídos a x vierem do infinito, por um sentido ou por outro, para um valor concreto x´, a função é tal que para esse x`existe na outra dimensão um valor específico lim f(x`). Olhando para as atribuições a x elas são cada vez mais infinitésimos, conduzem-nos a uma realidade através de um ponto, é como se fossemos muitíssimo pequenos para passarmos através de um ponto da variação, mas não o conseguimos, há um limite. Pensa ainda mais, segundo as conjugações das taxas de variação de x e de y…
Fim

Quanto a fontes, são várias, obtidas através do motor de busca Google, após a inserção da senha “Leibniz”, às quais apresento os meus agradecimentos. 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Os passos de Leibniz (II)




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Só que a companhia do pai não irá ser longa. Já com seis anos, em 1652, morre o pai, desfaz-se a conjunção monada-corpo Friedrich Leibnuz. A sua educação fica a cargo da mãe, que lhe incute a moral luterana, a abnegação pelo estudo e lhe preserva a biblioteca com um espaço seu. A mãe tem um papel fundamental na sua vida e filosofia. É na biblioteca que Godofredo acalenta o fascínio, por entre brincadeiras.

1653, Com sete anos ingressa na escola primária Nicolai, onde se lecciona latim.
No entanto, é por voto próprio, através das leituras, que desenvolve os seus conhecimentos de latim e grego. Lê os clássicos gregos (Platão e Aristóteles), romanos (Virgílio), São Tomás de Aquino, matemáticos, outros historiadores e diversos filósofos, entre escolásticos e teólogos protestantes. Dá grande importância à lógica aristotélica. Dois livros em latim foram fundamentais para o seu desenvolvimento: De Calvisius, “Chronologicus Thesaurus” e do historiador Titus Lívio, uma edição ilustrada.
Por volta dos doze anos (1658), facilmente lia e escrevia (versos) em latim e em grego. Ele centrou-se no estudo da lógica, criticou a lógica aristotélica e procurou dar-lhe outro seguimento, pela incorporação de melhorias. 
Aos quinze anos (1661) entra na Universidade Leipzig para a formação em filosofia, sendo orientado por Jacob Thomasius, responsável pelo desenvolvimento da história da filosofia na Alemanha da altura. A matemática tem como professor Johann Kühn, especialista em Euclides. Reconheça-se que os estudos nesta universidade não eram muito avançados, como ele próprio veio a reconhecer mais tarde. Teve acesso aos textos de vários cientistas, filósofos e matemáticos, a título de exemplo: Bacon, Hobbes, Galileu, Descartes, Bruno e Lúlio. Surgiu-lhe, então, o sonho de reconciliar o pensamento moderno com Aristóteles e os escolásticos. Ao estudar lógica vêm-lhe à ideia a necessidade de um alfabeto do pensamento, através das noções de alguns daqueles autores, uma combinação de letras do alfabeto que procurariam expressar o conhecimento e a análise das palavras levaria a novos desenvolvimentos. Outras disciplinas que frequentou foram retórica, latim, grego e hebraico.
Depois de defender a tesa “Disputatio Metaphysica de Principio Individui” em Maio de 1663, é bacharel em filosofia. Esta tese foi inspirada no nominalismo luterano e nas leituras de Bruno, nela enfatiza o valor da existência do indivíduo, explicado pelo seu ser total, portanto, nem só pela matéria, nem só pela forma. Começando aqui a germinar a noção de substância simples, enteléquia ou mónada.   
Aproveita as férias de verão de 1663 para frequentar a Universidade Jena, onde desenvolve mais os seus conhecimentos de matemática com o professor Erhard Weigel.
Outubro de 1663 é mestre em filosofia com uma tese onde combina aspectos de direito, filosofia e matemática.   
Após esta dissertação a mãe morre.
Nos inícios de 1664 começa a preparar a sua tese para o bacharelato em direito na mesma universidade. Em 1666 defende a tese Specimen quaestionum philosophicarum ex jure collectarum”, com a qual é, também, bacharel em direito.
Terminado o curso de direito é sua intenção apresentar tese de doutoramento. Só que entre Leibniz e a esposa do Deão da universidade tinha vindo a gerar-se uma antipatia constante, uma das razões pelas quais lhe foi recusado o doutoramento, embora oficialmente a razão terá sido a idade.
Nesse mesmo ano começa a escrever “Dissertatio de Arte Combinatória” apresentando um modelo, onde afirma reduzir todo o raciocínio e descoberta, verbal ou não, a combinações de elementos como números, letras, sons e cores. 
Em face da recusa em Leipzig decide matricular-se na universidade de Altdorf - Nuremberga para o doutoramento. Recebe o título de doutor, após a defesa da tese Disputatio Inauguralis de Casibus Perplexis in Jure”, escrita em 1666.
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A Dama de Ferro e O Cavalo de Guerra

Este espaço expressará a minha opinião sobre o cinema português. É esse que me interessa e é sobre esse que relatarei as minhas impressões de onde em onde. Convém reparar que em Portugal não faltam grandes especialistas e apreciadores de cinema. Aqui não há sinopses, …, há a variação dos meus sentimentos provocados pelos filmes portugueses. Tal não significa que não ponha os sentidos em filmes estrangeiros.
Dois deles foram:

A Dama de Ferro
De Phyllida Lloyd
Com a grande interpretação da musa Meryl Streep.
O filme vale pela sua interpretação. Seria difícil Phyllida fazer mais em face deste portento do cinema actual.

O outro foi:

O Cavalo de Guerra
De Steven Spielberg

Com a boa interpretação de Jeremy Irvine e a majestosidade do animal que amamos.  


quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Os Passos de Leibniz (I)




Este é o cenário onde vou descrever os passos de Von Leibniz.  


É a Europa de ontem, de hoje e de amanhã, se nunca esquecermos todos aqueles que como Leibniz nos influenciaram porque foram, aconteceram e fizeram. Acima de tudo, deixaram-nos noções que fizeram estremecer as estruturas do nosso pensamento, abrindo mais pistas para encarar o mundo criado e o seu criador ou o mundo incriado. Com essas alavancas hoje estamos diferentes em muitas coisas. Noutras, infelizmente, por esquecimento dessas alavancas ou por falta de acesso a elas estamos como sempre estivemos. Mas, não é por falta de homens que teimam em procurar que não estamos muito melhores, em muitas mais coisas. E, é este princípio que nunca deve ser esquecido por nós europeus. Seguindo o pensamento de Leibniz, tomando cada um e o conjunto, unindo a diversidade pelos pontos comuns, poder-se-á dizer que a Europa tem uma "alma". 

Não interessa, vou recuar a 1645 para depois continuar.
Entro num período pós Reforma Protestante, segundo a influência de Martinho Lutero (1483, 1546) e num espaço inserido no Sacro Império Romano – Germânico (962, 1806). Este império variável em território ao longo do tempo, situado no centro da Europa, vivia um pós “guerra dos trinta Anos” (1618-1648). A penúria era muita em virtude daquelas lutas. Era dominado pelo imperador, ao tempo católico, mas rodeado de principados protestantes. Em certa medida é um império a caminho do enfraquecimento total, ao qual não foi alheio as lutas intestinas, intuitos expansionistas e invasões externas.
No decurso do ano de 1638 nasce o príncipe francês Luís XIV, futuro rei sol, soberano do iluminismo, sucessor de Luís XIII. Inicia o seu reinado com cinco anos, passando a França a ser governada pelo cardeal Mazarino até à maioridade do rei.  
Em 1640 Portugal liberta-se do poder espanhol dos Filipes, soberanos do império austro-húngaro.
Na Grã-Bretanha, vive-se um período de guerra civil de 1642 a 46, puritanos e presbiterianos escoceses, aliam-se ao parlamento contrário ao Rei Carlos I. Esta oposição sai vitoriosa sob o comando de Oliver Cromwell, que proclamou a República. O rei foi julgado e condenado pelo Parlamento, sendo a sua execução em 1649. Cromwell dissolveu o Parlamento que serviu, proclamou-se protector da Inglaterra e governou com poderes absolutos até à morte em 1658.
Salienta-se que Newton nasce em 1643.
Por volta do mês de Outubro de 1645, viviam em Leipzig, região da Saxónia, o casal Friedrich Leibnuz e Catharina Schmuck (sua terceira mulher), ambos de origem alemã, com ascendência eslava. Família piedosa e culta, praticantes da região luterana. Alguns antepassados do Sr. Leibnuz (em eslavo Lubeniecz) nas últimas três gerações tinham estado ao serviço do governo saxão. Ambos no aconchego do lar, aproveitam uma pausa e num acto de amor originam um novo ser. Começam a desmultiplicar-se as células de um dos reis da Metafísica.
No dia 01 de Julho de 1646, Catharina entra em trabalho de parto e nasce o rebento Gottfried Wilhelm von Leibnuz (nome que mais tarde altera para Leibniz ou Leibnitz).
Também ele teve um primeiro filósofo de orientação, o pai. O seu primeiro questionamento não ficou sem resposta, e também com igual probabilidade, entre brincadeiras teria ouvido muitas histórias das aventuras clássicas gregas e romanas. Uma pergunta possível na sua tenra idade terá sido:
-“Que língua é essa que lês em voz alta?”
-“É latim, meu filho.”
O pai era professor de filosofia moral (ética) na Universidade de Leipzig e possuía em sua casa uma excelente biblioteca, é ele quem lhe incute o gosto pelo estudo histórico...




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O Fantas Acontece

Acontece também com muita escrita jovem.
Os colóquios no seu seio também devem elevar a discussão estética, portanto faltou mais "filosofia".
Mais inovação e tecnologia, para quê?
O Fantas já é inovação.
O cinema é uma linguagem sempre com um sentido estético.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Crítica (Revista de Filosofia)

A Revista “Crítica (Revista de Filosofia)” é um dos mesmos espaços. A sua qualidade traz dificuldade ao meu interesse o que me impulsiona a ser mais exigente.
Gostei muito da sua nova reformulação e organização.
Quanto ao donativo, lá terá que ser, depois de enquadrado pela receita. È menos uns copos, antes o descontrolo provocado pelo formalismo lógico do Desidério e seus acompanhantes, do que a intoxicação neuronal provocada pelo álcool. Sempre há malucos para tudo!


Revista Filosofia - Escala

A Revista Filosofia – Escala Brasil nº 7, para além de uma variedade de artigos temáticos, trás um artigo da autoria de Maria Martins Oliveira, acerca do triunvirato Sócrates, Platão e Aristóteles. É um texto agradável de ler que nos dá uma panorâmica sobre a evolução do pensamento destes três pilares, fazendo notar as influências de Heráclito e Parménides.
Outro artigo que me atraiu foi de Anna Covelli sobre a Falsafa árabe (Filosofia), nomeadamente, centrando-se em Ibn Tufayl. Ao passar os olhos pelo artigo, fiquei absorto perante uma citação da sua obra, que transcrevo:

“Que saibas: aquele que quer a “Verdade” sem véus, deve procurar segredos por conta própria e fazer todos os esforços em obtê-los”

Por detrás de um grande objectivo não deixa de haver um grande e atribulado caminho, por vezes leve, noutras ocasiões ele é pesaroso, em alguns passos triste e em muitos deles usufruímos de uma alegria imensa.    

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Leibnuz e os nossos alongamentos sucessivos Pág. 4

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constatar significa que nos apercebemos das relações que se estabelecem entre eles. Aprofundando, apercebemo-nos das relações espaciais dos acontecimentos, enquanto variável de mudança tempo, e apercebemo-nos das relações entre objectos num instante, enquanto variável de mudança espaço.

Es ist Zeit, den Kaffee zu verlassen und in Richtung der Freiheit meiner Heimat, wo wir unser Gespräch fortsetzen können, vor allem darüber, ob wir relacionistas, auf dem Atom zu verlängern, um seine Monade zu erreichen. Ihr Vermieter damit einverstanden? (Está na hora de deixarmos o café e nos dirigirmos para a liberdade da minha casa onde poderemos continuar a nossa conversa, nomeadamente, sobre o sermos ou não relacionistas, prolongarmos sobre o átomo até chegarmos à sua monada. Vossa senhoria concorda?)


Pequeno ensaio em volta de Reichsfreiherr Gottfried Wilhelm von Leibniz

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Leibnuz e os nossos alongamentos sucessivos Pág. 3


O ponto tem sido uma ferramenta muito útil na procura do obscuro. Ele funciona como um farol. O homem com o seu auxílio penetra nas estruturas com nano dimensões e afoita-se nas mega distâncias do universo em seu redor.

Referindo-me ao meu primeiro “.”, constato que ele existe, tem uma posição determinada e não pode ser dividido.

Mas, é destrutível. Basta pegar na borracha e faço-o desaparecer. Teve um início, um meio e há-de ter um fim, não é eterno. Sé é destrutível, não será difícil dissolvê-lo quer noutro lugar, quer na mente. Neste caso bastaria desviar a atenção para outros caminhos.

Ele é individual e unitário. Ele é uma “Monas”.

A partir dele reproduzimos uma infinidade deles todos idênticos, não distinguimos as propriedades uns dos outros, não percepcionamos diferenças entre eles.
Mas, isto não quer dizer que não possamos estabelecer relações entre eles, nomeadamente, geométricas, segundo um plano referencial, campo de manifestação de uma variação, onde pontos são funções de outros, onde conjuntos de pontos se aplicam noutros conjuntos.   

Verifica-se que, desde que foi desenhado, ele mantém a mesma posição e manterá, enquanto a nossa vontade permanecer, ele não possui um princípio interno que o impulsione ao movimento ou ao repouso. Ele tem a sua origem e assume outra posição conforme a imposição da nossa acção. Ele não tem a actividade como elemento da sua essência. A animação que, eventualmente, possa ter é conferida por outrem.   

Destaquei que o ponto pode ser encarado como instrumento de trabalho, em três níveis: mente, sentidos e extensão. Trabalho em o relevar na extensão, estando atento às variações e o trabalho consciente em reflectir com ele e a partir dele. Eu tenho as capacidades: percepção e apercepção (consciência e reflexão), só que o ponto é amorfo para lá do plano dos sentidos. Ele ondula ao sabor da variação da extensão. Com a sua infinidade indivisível ele é a marca de posição de algo material também dotado da mesma característica. Ele não é material, só o é enquanto grafismo. Ele é imaterial ao nível da mente, enquanto instrumento de trabalho no plano da consciência.

Disse que o ponto, na extensão, é carente de um princípio interno que lhe acalente o binómio repouso-movimento e que era amorfo, visto que ondula ao sabor da infimo-material-indivisível, através destas qualidades ele permite-nos imaterialmente detectar e conjugar as relações materiais verificadas.
A noção que temos do extenso baseia-se, em parte, na aceitação da informação sistemática que recebemos através dos sentidos, daí o concebermos como o palco, com o seu quê de volumétrico, sem paredes, nem chão e sem tecto, onde não sabemos onde terminam essas limitações. Sabemos que ele se deforma e enforma, se expande e se comprime e converge para um ponto ou diverge de um ponto ali ou acolá. Um modo de o conceber é considerarmos o “eu” como o ponto de intercepção de todas as rectas possíveis, passamos a ter o trunfo de percepcionar em todas as direcções. Em certa medida confundo universo com extenso-em-si. Mas, é nesse o palco onde proliferam corpos, que se apresentam como variações ou mudanças, uns são acessíveis às nossas capacidades e outros não caem no âmbito das nossas possibilidades. Agrupamos os corpos em conjuntos e aceitamos conjuntos sem corpos. Os corpos serão subdivididos em corpos efectivos, em corpos possíveis e em corpos impossíveis de alcançar pelas nossas capacidades. Relativizando o extenso-em-si para mais próximo das nossas possibilidades, considerando tal como o extenso, neste constatamos acontecimentos e objectos. O 
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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Leibnuz e os nossos alongamentos sucessivos Pág. 2




sua pequenez é tal que a estrela longínqua é um ponto ou o neutrino na interioridade de um átomo é um ponto. O “ser diminuto” em relação ao ponto traz-nos uma dificuldade, a impossibilidade de concebermos a sua interioridade ou nela influirmos.
Voltando ao formato, em bom rigor, não podemos dizer que ele não assume uma figura. Assume, quando o desenhamos como mancha mínima numa tela. A bem dizer, ele é um objecto que não posso conotar com o zero, é próximo e é possível de ser visível. Claro que se abstraísse mais podia passar do ponto para o infinitésimo, algo que expressa aquilo que denoto não com o zero, se aproxima demasiado dele e não é visível.
Neste sentido diria: Ele é uma substância simples.

Será mesmo uma substância simples conforme a noção estabelecida pela metafísica leibniziana?

-Er liebte es, Euer Gnaden zu sagen, dass ich sehr bewundere für seine Metaphysik. Es ist eine großartige Art und Weise! (Gostava de dizer a vossa senhoria que muito o admiro pela sua metafísica. É um grande caminho!)

Pode acontecer que Leibniz empurre a carroça.

Este ponto considerado ali e há momentos é uma construção abstracta correspondente à impressão mínima no plano dos sentidos, veiculada ao plano da consciência. Com a impressão causada neste plano reflectimos, isto é, estabelecem-se assim relações emocionais, no plano mental a partir dele e segundo as relações dele com o seu correspondente real para lá do plano dos sentidos.
A consciência não suporta a extensão do real, pela evolução só lhe é permitido trabalhar com o grafismo mínimo adimensionado designado por ponto.
A reflexão ondulatória advinda de uma cómoda, com a qual somos impressionados, conduz-nos à esquina, ao ponto de intercepção de três planos (ou de três frisos), ao vértice da cómoda. Essa “ponta fina”, fim de uma coisa para depois dela ser outra, tem uma correspondência na consciência, uma impressão mínima adimensionada. Mas, eu quero mostrar o que é, então desenho um “.” Um fim de uma coisa e um princípio de outra. Aquilo que para nós é a pontinha da esquina da cómoda, ou seja, uma representação criada pela abstracção e imaginação segundo convenções, não deixando de ser um elemento base de qualquer representação do real. Portanto direi, desde já, que o ponto “é” pelo abstrair da extensão e pelo grafismo que lhe acoplamos, forma de o representar e descrever a sua substância.   

É um instrumento de trabalho. O aggregatum de dois pontos estabelece “uma nova posição para onde ir”, e se temos a possibilidade de ir, também temos a possibilidade de voltar, isto é, temos uma direcção para a nossa acção, com dois sentidos, temos uma recta. Atribui-lhe a capacidade de vaguear, de tal modo que, momento a momento, ele vai deixando marcas no terreno. E chegaremos com certeza a estruturas mais complexas. Cada ponto do plenum – universo é o ponto de intercepção de uma infinidade colossal de rectas, desviadas umas da outras pela inclinação angular, estendendo-se cada uma até ao infinito para lá e para cá desse ponto origem. Temos o universo como um conjunto infinito de pontos aconchegados uns aos outros. Separe-se muito ligeiramente os pontos, consideremos um fundo azul-escuro e os pontos todos brancos, com uma palete de cores, ficamos habilitados em dimensionar e enformar o universo. Ou, se fizermos vibrar alguns pontos, com determinadas frequências e intensidades, ficaremos habilitados em ouvir as músicas do universo.
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