Metafísica de Des Cartes - Momento 25

A Alma Humana

O Homem - Ser Intrinsecamente Racional
I )

Vimos que há seres vivos que existem segundo um princípio básico e elementar que lhes permite a nutrição, o crescimento e a propagação da espécie, mas não lhes permite a deslocação e as sensações, é o caso das plantas.

Outros existem segundo um princípio médio que para além de lhes permitir a nutrição, o crescimento e a propagação da espécie, permite-lhes o apetite, o deslocamento de um ponto para outro, o seu crescimento, a sua reprodução, percepcionarem, sentirem o que faz sofrer e aquilo que lhes dá prazer. Contudo não lhes permite pensarem, nem obter o conhecimento acerca das coisas, é o caso dos animais.

Afirmou-se que a matéria e a forma se combinavam permanentemente segundo a alma de modo a constituírem uma unidade. No caso do ser humano a alma cumpre as funções da forma em relação à matéria que constitui o corpo fazendo do homem uma unidade substancial de alma e corpo.

Embora, a alma humana seja uma e única, só que ela se manifesta efectivamente em muitos mais actos diversos do que nas plantas e nos animais, o que lhe vem a conferir muitas mais faculdades (funções) do que aquelas que foram destacadas nestes seres.  

Os seres humanos existem segundo esse princípio mais elevado que lhes permite exercer a vida segundo várias funções.

Tenderem para o alimento guiados pelo conhecimento sensível já apurado, movimento finalista, dependente do sentimento por sua vez depende do conhecimento sensível. (Apetite)

E, até dirigirem esse apetite racionalmente, como um impulso guiado pela razão, denominado vontade, que é própria da alma racional.

Nutridos, o dito princípio permite-lhes a deslocação, crescerem, reproduzirem-se, sentirem a dor e o prazer.

Como todos os animais os homens são dotadas de percepção e sensibilidade. 

Metafísica de Des Cartes - Momento 24

Gostava fazer um preâmbulo, um bocado fora do alinhamento.

Todos nós que acompanhamos o fenómeno óvni, reparámos que certos óvnis surgem instantaneamente e desaparecem num instante da mesma ordem de grandeza. Eles como que se encontram num estado potencial num intervalo de tempo, e assim poderíamos dizer “não é”, e num outro instante se materializam, dando-nos a hipótese de os percepcionar, sendo objectos que observamos, neste caso dizemos “é”. Portanto, Aristóteles não está fora do modo com pensamos.    

Mas, continuando a seguir o pensamento de Aristóteles, sem descurar a crítica estabelecida por Des Cartes a este pensamento:  

Faculdades da alma

Biologicamente demarca três tipos de seres: plantas, animais e seres humanos.

Nutritiva/vegetativa

A matéria e a forma podem-se combinar de modo a constituir uma unidade permanente segundo o princípio mais básico e elementar, essencial e diferenciador da vida.

Esse princípio é responsável pelas funções biológicas: nutrição, crescimento e reprodução/geração/perpectuação das espécies.

As plantas exibem esse poder de combinação segundo esse princípio. Têm o propósito de tomar e processar materiais que conduzam ao seu crescimento. Embora se reproduzam, não se deslocam, nem têm sensações.

As plantas têm por característica distintiva, a alma nutritiva.

Sensitiva

A matéria e a forma também se podem combinar segundo um princípio médio, o princípio responsável pela deslocação/locomoção e pela sensibilidade/sensações do corpo/percepção.

A alma nos animais é um princípio de vida que lhes permite serem dotados das seguintes competências: apetite (tendência para o alimento segundo o conhecimento sensível já apurado), nutrição, crescimento, deslocação (sabendo que uns se deslocam, outros não), reprodução e sensibilidade (têm percepção, sentem prazer e a dor).

Salienta-se que, cada órgão dos sentidos percebe do mesmo objecto as características que são próprias da sua função.

Os animais têm por faculdades a nutritiva e a sensitiva, mas a característica distintiva é a alma sensitiva.

A alma, enquanto poder para dar continuidade a uma vida, ou princípio primordial e organizador da vida, faz com que os organismos vivos vegetem, cresçam e se reproduzam, caso das plantas e dos animais; e, ainda, que os animais tenham apetite, se desloquem e sintam.   

Metafísica de Des Cartes - Momento 23

Alma (mente)

Na fase inicial da nossa vida, a alma é algo que se materializa dentro de nós. Mais, tarde vem a ideia de que a alma é o centro de coordenação da nossa actividade. Agora, uma proposta:

A matéria e a forma combinam-se permanentemente para constituir uma unidade hilomórfica (hilomorfismo). Estes componentes mantêm-se continuamente unidos, embora se possa abstrair que estão separados. A combinação representa um monismo e não um dualismo. Temos uma teoria da alma que representa uma unidade permanente da forma e função dentro da matéria, a mente permanece ao longo dessa unidade.

Mas, a combinação estabelece-se segundo um princípio.

É o princípio de actividade do ser vivo, a mente é fonte das actividades próprias de cada um. Caracterizando mais o princípio, ele é o princípio primordial e organizador da vida de cada ser vivo que este possui internamente, a alma é um princípio vital. Quanto à forma, a mente é a forma primordial de um corpo natural e orgânico que possui vida em potência, a alma é um poder.

Introduzindo mais itens na noção:

Não sei português.

Representa o estádio, quanto à utilização da língua, de pura potência.

Aprendo português.

Representa o estádio correspondente à passagem da potência ao acto.

Durante algum tempo não faço uso da língua, apresar de já a ter aprendido.

Representa nesse tempo um estádio de potência e acto.

Acto em relação à ignorância inicial, potência em relação a alguém que fala português.

Conhecer o português é o acto-primeiro.

Falar português é o acto-segundo.

Assim, a alma é o acto-primeiro de um corpo orgânico natural.

As operações vitais das criaturas vivas são actos-segundos.

Enquanto tal, a alma não é um objecto tangível, resulta do facto de ser uma potência (como todos os actos-primeiros).

A alma também é dinâmica, é a realização de um corpo natural orgânico e a sua perfeita expressão.

O organismo depois de desenvolvido recebe a forma que lhe permitirá uma perfeição maior, fazendo passar as suas potências a acto. É a forma de um corpo vivo constituir a sua actualidade, a alma age como a causa de um corpo estar vivo.

Manifesta a sua actividade através de faculdades correspondentes a estágios do desenvolvimento biológico.

Do exposto podemos deduzir a estreita ligação entre os estados psicológicos e os processos fisiológicos. A alma não é o produto das condições fisiológicas do corpo, mas a verdade do corpo. Alma, - única substância em que as condições corporais ganham o seu real significado.

Acresce dizer que alma tem outros atributos: é imortal, puro pensamento inviolado pela realidade e independente da memória, de onde se pode anunciar que ela é a enteléquia primeira de um corpo natural e orgânico.  

-A alma é essência do corpo natural e orgânico.

Metafísica de Des Cartes - Momento 22

A Alma (em Aristóteles)
Poder para exercer a vida e Princípio de organização da vida

A psicologia é a teoria da alma constante do seu Tratado da Alma e baseia-se nos conceitos de alma (psiché) e intelecto (nous).

O objecto geral da psicologia é o mundo animado-vivente, orgânico, dos organismos vivos, dos seres vivos, das criaturas criadas, dos corpos naturais orgânicos, diverso do mundo dos inorgânicos.

Nesse mundo todo o ser vivo tem uma só alma (mente).

Como se dão actos diversos no ser vivo há funções e faculdades diversas.

A quantidade das faculdades varia de criatura para criatura, podendo algumas ter uma só faculdade.

Por outro lado, diferentes seres vivos possuem diferentes capacidades.

As almas diferem de acordo com as diferentes actividades.

As actividades são o meio pelo qual as almas se exprimem.

Como ter uma noção mais precisa do que é a alma em Aristóteles?

A ver vamos, não só de alguns seres vivos, mas abarcando todos eles, inclusive O Homem.