-Um princípio dinâmico de perfeição, que garante a
estabilidade da realidade, algo que não permanece truncado no seu próprio
mundo, mas na realidade infinita.
-Algo espacialmente infinito, uma extensão
contínua e uma contínua divisibilidade.
* Matéria ilimitada.
O que não apercebemos
-Também se coloca a hipótese de ele ter atribuído
outra designação para o primeiro e único princípio, tendo em conta que o termo
experiência deriva de “peras”, mas também pode derivar de “peri” ou “perao” que
significa ‘por ter contacto com’, ‘experimentar’, ‘aperceber’:
“O a-perao”, seria aquilo de
que não se tem experiência, o que não experimentamos, o que não apercebemos,
aquilo com o qual não se tem contacto directo.
*Matéria da qual não temos
experiência
O Indefinido
-O princípio é o que não afecta os sentidos,
nomeadamente, a visão, seria invisível. Portanto, algo que não é objecto da
nossa experiência. Se o pudéssemos sentir, não o poderíamos definir, teríamos
dificuldade em lhe atribuir um nome, nesse sentido é indefinido.
*Matéria indefinida
O infinito
-Normalmente também é traduzido como “o Infinito”. O que traduz a ideia de muitíssimo
grande.
O certo é que Anaximandro pensava que o apeiron
não tinha começo nem fim no tempo. Ele, também, podia julgar que a “physis” se
estendia para sempre no espaço, se estendia indefinidamente para além do que a
nossa imaginação possa suportar, seria uma extensão espacial ilimitada, seria uma
“physis”ilimitada.
* Matéria infinita
Viu-se que o apeiron é o privado de limites:
-Se ele é o infinito espacialmente, e portanto
quantitativamente, é o privado de limites externos.
-Se ele é o qualitativamente indeterminado, é
privado de limites internos. Então, seria “o Infinito” na quantidade e na qualidade.
O
circundante
-E, precisamente por ser quantitativa e
qualitativamente ilimitado, infinito em extensão e profundidade, é que o
apeiron pode dar origem a todas as coisas, delimitando-se de vários modos. Portanto,
por ser infinito, o princípio abarca e circunda todos os céus (circundante),
envolve as outras coisas, governa-as e sustenta tudo. Enquanto delimitação e
determinação dele, todas as coisas dele se geram, nele consistem e são. Mas,
não tem só o poder de gerar, tem também o poder de corromper.
*Matéria circundante
O elemento das coisas
-É o elemento primordial e básico das coisas naturais
e proliferam no universo.
Não se parece com nenhuma das outras coisas já
formadas, nem é qualquer outra coisa. Não relaciona o “elemento primordial” com
quaisquer dos elementos que possamos sentir ao nosso redor no mundo actual. Não
é qualquer um dos elementos ar, terra, fogo e água. Existe à margem deles, é
distinto, e prevalece sobre eles.
Não é um
elemento intermediário entre eles, nem uma mistura deles. Não é nenhuma classe
de matéria particular, é composto de uma matéria desconhecida. Mais,
propriamente é a fonte geradora da matéria que procuramos definir e identificar
na natureza, é uma massa geradora dos seres. Terá de ser de outra natureza, é
uma physis distinta.
Em resumo podemos dizer que o apeiron é princípio
único e elemento das coisas naturais e que proliferam no universo.
O indeterminado
-Como é um princípio que não é nenhum dos
elementos, não é dominado por nenhuma característica, não é quente, não é frio,
nem molhado, é indefinido e ilimitado, e existe para que o vir-a-ser não cesse,
então é precisamente o indeterminado, em que a sua indeterminação é relativa ao
mundo gerado em si mesmo. Poder-se-á dizer, em correspondência ao seu
pensamento, que é um princípio indeterminado a partir do ponto de vista
espacial.
Qualquer um dos elementos (ar, terra, água e fogo)
não é o infinito. Os elementos têm em si os contrários, o que garante ao Uno
que à sua semelhança o mundo gerado não tenha fim.
* Matéria indeterminada, primordial e corruptora