segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 21

A Cosmologia Aristotélica

Não explicará como é o Universo, mas adianta ideias. Não nos dá, aos olhos de hoje, uma explicação cabal e com mais certezas. Dá-nos uma ideia do seu universo com os instrumentos que possuía, nomeadamente, a sua observação, o conhecimento que lhe foi possível adquirir e com a sua crítica.
O universo é eterno, não tem princípio, nem fim. Mas, é finito termina no limite traçado pelos pontos mais longínquos das órbitas das estrelas.  
A natureza é em todas as coisas dotadas de um princípio de movimento, só o pensamento separa nas coisas a sua forma e a sua essência. Todo o composto de forma e de essência é um ser natural ou um ser por natureza.    
Divide o universo em duas grandes regiões: Mundo Sub-Lunar e Mundo Supra-lunar (Meta-lunar):

Mundo Sub-Lunar
Região que compreende tudo abaixo da Lua, excluindo esta, onde se inclui a parte terrestre.
A terra é o centro da região Sub-Lunar, e como tal do universo, nessa região a Terra permanece imóvel.
Na região terrestre predominam as substâncias primordiais ar, água, terra e fogo com naturezas diferentes, que se misturam, da mistura resulta que tudo sofre mutação e é corrompido. Esta mudança traduz-se em desequilíbrio e imperfeição, o que leva a dizer que o nosso mundo não é perfeito.   
Todos os corpos são compostos dos quatro elementos.

Os movimentos dos corpos celestes são rectilíneos, ascendentes segundo o ar e o fogo, e descendentes segundo a terra e a água. Os movimentos não rectilíneos dos corpos são violentos ou forçados por algo que lhes é exterior, de onde resulta uma violação da ordem natural. Todos os movimentos se realizam com um fim em vista que é a manutenção da ordem do conjunto. Alterando-se a ordem, a natureza com os seus mecanismos próprios restabelece a ordem necessária e justa

Mundo Supra-Lunar
Compreende o que está para além da Lua, inclusive esta, concretamente, os planetas: Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno, e ainda o sol e as outras estrelas.
Nesta região os corpos celestes não se compõem das quatro substâncias primordiais já referidas, mas da quinta-substância essência, -o éter, forma este mundo, dotado de um movimento circular e uniforme, incorruptível, eterno, material leve, transparente, que sempre corre e que confere ao céu e á região e aos corpos celestes que nestes vagueiam homogeneidade, harmonia, regularidade, perfeição e ordem.

Como se verifica os corpos celestes não vagueiam pelo espaço vazio, considerado por ele inexistente.

Os astros planetas e estrelas são esferas perfeitas, compostos de éter, giram à volta da terra eternamente, com uma velocidade uniforme, segundo órbitas circulares perfeitas. O movimento destes deve-se às esferas de éter que os circundam, em que o movimento destas é impulsionado por motores imóveis.  

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 20

É de realçar outros aspectos, nomeadamente, a noção de corpo, antes de seguir em frente.
Cada coisa possui uma natureza que a distingue das outras.
Natureza, - o que diferencia uma classe de coisas do resto.
As diferenças que se podem estabelecer nas coisas podem ser:
Acidentais, - se forem menores e superficiais.
Essenciais, - se as diferenças forem maiores e mais importantes.
Considerando os objectos físicos, sendo certo que existem muitos mais, dividiu os seus constituintes em dois grupos:
Corpos, - sempre mutáveis, e
Atributos (características), - sempre imutáveis.
Os principais atributos pelos quais os corpos se transformam são:
Quantidade – os corpos aumentam ou diminuem de tamanho ou peso,
Qualidade – os corpos alteram as suas propriedades,
Posição ou lugar – os corpos movem-se de um sítio para outro.
Os principais atributos de um corpo físico são aqueles que permanecem ao logo da sua existência, são os que fazem dele aquilo que ele é.
A mudança substancial é mais importante que a quantidade, qualidade e lugar. Representa o devir e o perecer.  

A uma conclusão se chega:
Os primeiros princípios e as quatro causas são as condições básicas para que as coisas existam e possam ser conhecidas.

A Filosofia Primeira tem
Uma finalidade básica - desvendar e definir realmente a constituição essencial dos seres.
E, tem o seu objecto – compreender o universal de modo a estabelecer definições essenciais.  

E aqui é de perguntar: até que ponto a Ciência Actual se distancia desta finalidade e deste objecto?
Hoje, não temos o olhar e o pensar de Aristóteles. Temos muitos a olhar e a pensar. E, acima de tudo, desenvolvemos outros instrumentos físicos e imateriais que nos permite encetar o caminho de desvendar e definir realmente a constituição essencial dos seres e a compreender o universal de modo a estabelecer conceitos fundacionais.
Já se passaram alguns anos, desde os tempos em que brincava com as minhas galenas!

Contudo, para fazer uma boa sopa, não basta atirar com as batatas e as couves para dentro da panela!

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 19

Pegando no texto abaixo:
“A medição ou contagem das transformações das coisas dependem para existirem da contagem na mente. Não havendo mente para contar, não pode haver tempo”.
E segundo experiência própria:
Antes de irmos para a cama, pela observação e pelo conhecimento adquirido, temos a noção do tempo, há bocado era tarde, depois ficou noite. Adormecemos, como que as persianas da consciência se vão fechando até se encerrarem. Neste percurso não há sonhos, não há pesadelos, apagaram-se as noções. Acordamos, já é dia. No intervalo que vai do último instante em que estivemos acordados e o novo instante, a partir do qual voltamos a acordar, não há tempo. Voltamos a ter noção do tempo, depois daquele instante em que a consciência encontrou uma referência para a sua medida.
Quando entrei em coma passou-se o mesmo.
No primeiro caso é algo que exige treino, no segundo caso acontece sem intenção própria.

A filosofia é grande, não podemos fugir do caminho que traçamos, pois cada rua que nos é dada permite-nos gerar vielas. 


Antes de continuar através da Cosmologia de Aristóteles friso o seguinte:
Vivo neste tempo, não rejeito totalmente os sítios por onde andei. Porquê? Porque todos eles me deram a base para aquilo sou.

Pois “Aristóteles” e “outros do mesmo domínio” devem ser respeitados, não por fazerem parte da arqueologia do pensamento (poetas mortos), mas antes pelo facto de cada um deles constituir uma base para uma civilização, os, um ponto de partida para algo novo. A partir da penetração do que pensaram e da crítica que posteriormente foi tecida, deram origem a transformações substanciais. Mal ou bem, ao tratar dos assuntos que aqui me trazem, procuro viver como se estivesse junto de Aristóteles e de outros. Findo cada momento, volto à minha vida normal. Algo de bom há-de ficar.   

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 18

Até aqui apercebemos que:
Uma coisa é feita de matéria. Cada matéria tem a sua natureza própria, é dotada de um potencial, existe algo que a faz surgir e deslocar-se, de forma natural ou artificial, podendo ter perdas e ganhos nas suas propriedades, até no sentido quantitativo, e todas têm um propósito neste mundo.
Deu-nos uma noção de movimento, tal que:
-Acto e potência relacionam-se com o movimento;
-Um ser em potência só pode tornar-se um ser em acto através de algum movimento.
-Movimento (transformação, mudança, transitoriedade):
Passagem da matéria à forma; do acto à potência e da potência ao acto; enquanto transformações que ocorrem na coisa em si mesma, na situação de carência passagem da privação à posse e quando do excedente é a passagem da posse à privação.
E agora dá-nos a distinção entre os movimentos.
Distingue quatro tipos ou espécies de movimento, sendo certo que eles surgem por via natural ou artificial:
Lugar
As coisas mudam de lugar, locomovem-se, em que o objecto que se locomove permanece o mesmo, e a posição espacial é o elemento mutante.
Qualidade
As coisas alteram ou mudam as suas propriedades ou características.
Quantidade
As coisas mudam as quantidades dos seus elementos constituintes, aumentando-as ou diminuindo-as, há acréscimos ou diminuições de quantidades.
Substância
A substância das coisas é afectada, principalmente no seu início e no seu fim.
Uma mudança substancial distingue-se claramente das outras qualidades: quantidade, qualidade e lugar.

Resumidamente outras noções aristotélicas sobre as quais Des Cartes se vai debruçar: 
. Considera que o espaço vazio é uma impossibilidade.
Algo que Des Cartes não rejeita. Sumariamente através da noção de lugar: eu objecto, através de um movimento, passo de um ponto A para um B separado do primeiro, algo vai ocupar o A quando o abandono. Portanto, o universo é um plenum de coisas.

Não concorda com a visão de que os elementos são compostos de figuras geométricas. Algo que Des Cartes não despreza e preenche o conteúdo.

O espaço,
- O limite do corpo em torno do que o rodeia. Des Cartes expande esta ideia.

Tempo
- Medida do movimento em relação ao que é anterior e posterior.

Se não houvesse mudança no universo não haveria tempo, já que a medição ou contagem do movimento dependem para existirem da contagem na mente. Não havendo mente para contar, não pode haver tempo. O espaço e o tempo são potencialmente divisíveis ad infinitum. Algo a tratar mais à frente.  

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 17

B - Natureza do ser visto extrinsecamente

B1 - Causa ligada à existência do ser, resposta à questão “quem a fez”?
Causa Eficiente ou Motora:
-A partir da qual as coisas são criadas
-Meio pelo qual o objecto é criado
-O que dá origem ao processo em que a coisa surge.
-Agente produziu directamente a coisa.
-O que fez?
-O que faz com que a matéria adquira uma determinada forma. Portanto,
Explica como a matéria recebeu determinada forma,
-Princípio primeiro do movimento ou mudança
Ex: escultor

B2 - Causa ligada à intenção do ser, responde à questão “para quê está a ser feita?”
 Causa Final:
-Objectivo, propósito, intenção, finalidade;
-Aquilo para o qual a coisa é feita;
-Fim ou finalidade com que determinada coisa foi feita;
-Fim para a qual é criada;
-Determina a finalidade das coisas existirem e serem como são;
-Caracteriza o objectivo ou o propósito da coisa;
-O que a enformou;
-Razão de ser de uma coisa,
-Para onde tende o devir do homem
Ex: ideia da escultura.

A causa formal está directamente ligada à causa final, visto que a finalidade da coisa determina o que os seres efectivamente são. Estas duas causas são as que mais verdadeiramente dão a explicação de um objecto.
A causa final é interna à natureza do objecto em si, e não algo que nós subjectivamente impomos a ele. É por ela que as coisas mudam, determinando a passagem da potência ao acto.
As coisas mudam com aspiração à perfeição.


Convém olhar bem para as causas nomeadamente a eficiente e a final. Des Cartes vai-se debruçar sobre elas. Claro que também vai por em causa a lógica aristotélica. 
Anteriormente, falou-se que para todo o efeito existe uma causa. Algo que a ciência actual não abandonou, nem nós no nosso dia a dia. Contudo, Nietzsche vem assumir elevada crítica sobre tal, apresentando-nos a sua proposta para conhecer as coisas. 

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 16

Disse que ele exigiu a si mesmo a elaboração das regras que correspondem às mudanças ou movimentos. Mais propriamente, ele elaborou as causas principais que levam as coisas a serem como são em si mesmas, como também são na relação com as outras coisas.
Distingue 4 causas principais, diferentes e complementares:
Considerando: Uma escultura

A – As causas relativas à constituição das coisas. A natureza do ser visto intrinsecamente (em si mesmo)

A1 - Causa Ligada à potencialidade do ser, resposta à questão “de que é feita a coisa?”
Causa Material:
-Elementos a partir dos quais um objecto é criado,
-Matéria da qual é feita a essência das coisas.
Ex: Madeira
Uma determinada quantidade matéria recebe uma forma.
Podemos ter a mesma forma e diferentes tipos de matéria.
A mesma matéria pode-se encontrar em diferentes formas.

   A2 - Causa ligada à especificidade do ser, resposta à questão “o que está a ser feito?”
Causa Formal:
-a coisa em si,
-forma ou essência das coisas,
-natureza específica,
-essência inteligível determinante da coisa.
-as relações formais determinadas pelas diferentes figuras geométricas,
-expressão do que é
-configuração própria de uma coisa,
-modelo que serve para dar forma à coisa.
-O que enforma ou informa um ente e faz com que ele seja o que é.

Ex: projecto, modelo, ideia da escultura concluída

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 15

Antes de continuar quero desenvolver uma ideia segundo a minha maneira de ver as coisas.
“Ler mais”, necessariamente, significa vir a “ler melhor”. Também será verdade que “ler pouco” pode conceder pontos à intuição, o que não deixa de ser aprazível.
“Ler muito” é importante se os sucessivos actos contribuírem para o desenvolvimento das operações mentais.
“ler muito” é para quem pode.
“Ler muito” com açúcar é só para alguns.
Depois destas pinceladas e tendo em conta o assunto que anda por aqui convém estabelecer o que é “filosofar sobre tal”.
Não é com certeza mergulhar para um tanque e desenrascar umas braçadas. É antes mergulhar na Piscina de Espinho, aproveitando a sua amplitude, desenvolver braçadas e pernadas, com suavidade e com uma respiração eficaz e tranquila. Para complicar, talvez seja melhor, aproveitar aqueles dias de forte nortada, a qual levanta alguma ondulação e faz baixar a temperatura da água do mar, sempre límpida, que ocupa o lugar entre paredes e chão. Podemos ir para lá, segundo uma profundidade mínima, mas sabemos que ao vir para cá abre-se a possibilidade de uma profundidade bem mais funda. Deslocar-nos num meio diferente do habitual, onde profundidade é substancial não é para qualquer um. Caso seja intenção bater com a mão no fundo da piscina, situado nos sete metros, e voltar para cima nas calmas, tal exige preparação. Nadar nestas condições poderá ser amargo para alguns, mas para outros é uma experiência inolvidável.     

Nadar é uma acção que nos traz melhorias físicas consideráveis, limpa o esterco que nos invade e para o qual contribuímos. No entanto, ao nadar sobressaem momentos de profunda reflexão, muitas vezes sem se dar conta do seu início e até do seu fim.  

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 14

Claro que, se está sobre o pensamento de Aristóteles, melhor dizendo sobre a Filosofia Primeira do supra génio. Está-se porque Des Cartes virá a ser um dos seus principais críticos. E dessa crítica resultará o início do que chama "A Ciência Moderna". 

Indo ao que interessa, centrado no momento anterior:
Aristóteles dá-nos a sua noção metafísica do início do mundo e posteriores transformações, mas deixa-nos num dilema, um dilema que a ciência dita moderna não consegue resolver.  
A potência em si mesma não é capaz de formalizar o ser em acto, é necessário a intervenção de um agente transformador (Causa Eficiente) guiado por uma finalidade (causa final).
O movimento de todas as coisas do mundo deve-se à existência da Substância Primeira de todas as substâncias: -imóvel, primeira fonte necessária de movimento, primeiro motor, principal propulsor, que as colocou originalmente e coloca em movimento.
Movimento/transitoriedade/mudança/transformação das coisas:
- Passagem da matéria à forma.
- Passagem da potência ao acto e do acto à potência.
- Que vai sempre da potência ao acto e da privação à posse.
- Acto de um ser em potência enquanto está em potência.

Considerando
No momento anterior ao inicio do mundo, momento em que todos não éramos, e só muitíssimo mais tarde viremos a ser algo dotado de consciência, uma Causa Eficiente decide provocar a potência em si, através de uma simultaneidade: gerar um ser e levá-lo ao acto. Tal podemos designar por Uno Original. Mas, só ficou completo depois de receber uma informação: será sempre possível passar do acto à potência e da potência ao acto, desde que possua potencial para tal. E também será certo que, sempre que houver transformações há perdas e ganhos de potencial.
Mas, muitíssimo depois, consciencializamos que as transformações da potência ao acto e do acto à potência no universo, para além de virem de um tempo anterior, no presente e para o futuro ficamos com a ideia que essas transformações parecem não ter fim, para além de constatarmos as suas diferentes complexidades.
Tal, leva-nos a novo considerando:

A Causa Eficiente forçosamente na simultaneidade referida a provocação gerou a desmultiplicação do Uno por sucessivas transformações. 

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 13

Movimento
Se “o não ser não é” e o “ser é”, então como é possível o movimento?
Por trás de tudo na natureza há um propósito.
O “propósito de uma coisa” é realizado na plena perfeição do objecto em si, não na nossa concepção do mesmo.
O mundo está preenchido por entidades em constante mudança, movem-se de um ponto para outro, os, todas as coisas estão em movimento.
As diversas mudanças não implicam alterar por completo a entidade que se move.
Distingue a dualidade do real, sem dividir a realidade.
A substância possui a matéria – que está em constante movimento (transformação) – e a forma (é imóvel).
Matéria e forma relacionam-se com a ausência de movimento.
Acto e potência relacionam-se com o movimento, um ser em potência só pode tornar-se um ser em acto através de algum movimento.
Acontece que a passagem da potência ao acto não se dá ao acaso, ela é causada.
Teve uma visão da relação causa e efeito na natureza. Nela há diferentes tipos de causas. Se há um efeito segue-se de uma determinada causa.
“Causa”:
- Tudo aquilo que determina a realidade do ser.
- Auxilia na compreensão de um processo de transformação ou movimento.
A potência em si mesma não é capaz de formalizar o ser em acto, é necessário a intervenção de um agente transformador (Causa Eficiente) guiado por uma finalidade (causa final).
O movimento de todas as coisas do mundo deve-se à existência da Substância Primeira de todas as substâncias: -imóvel, primeira fonte necessária de movimento, primeiro motor, principal propulsor, que as colocou originalmente e coloca em movimento.
Movimento/transitoriedade/mudança/transformação das coisas:
- Passagem da matéria à forma.
- Passagem da potência ao acto e do acto à potência.
- Que vai sempre da potência ao acto e da privação à posse.
- Acto de um ser em potência enquanto está em potência.
Se as coisas mudassem completamente ao acaso, não poderíamos conhecê-las.
“Conhecer”:
- Saber a causa de algo,  
- Saber pelas causas.
Nesta conformidade, então é possível conhecer a coisa e no que ela se transformará no futuro.

Exige a si mesmo a elaboração das regras que correspondem às mudanças ou movimentos. 

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 12







Todas as coisas são em potência e em acto.
O álcool é inflamável, possui o potencial para se inflamar, porém temos que nos socorrer de uma faísca para que a potência se torne realidade, os, em acto.
Todas as coisas, mesmo em acto, podem ser em potência, árvore - semente em acto e árvore -mesa em potência.
Os seres imateriais são puro acto.
E o acto puro ou bem:
– Única coisa totalmente em acto.
- Nada é em potência, nem a realização de potência alguma, é sempre igual a si mesmo, não é um antecedente de coisa alguma.
Considerando algo estacionário, essa coisa tende a ser algo
Empurro-a.
Desloca-se daqui para acolá, observo uma realidade
Desloca-se mais um bocado, observo outra realidade.
Desloca-se ainda mais um bocado, observo ainda outra realidade.
Se o empurrão fosse mais intenso.
A realidade ia sucessivamente variando, até que podia não observar realidade alguma acerca da coisa. A bola de criquete desapareceu.
Tudo isto em linha recta provocando um movimento controlado.
Observador como era, não será estranho supor que não lhe escapava a mudança de realidade ocorrida com a deslocação de uma lamparina de azeite, dependurada por uma corda sisal, sempre que era trespassada por uma corrente de ar. Ou, até as mudanças de realidade ocorridas com a deslocação da água de uma ribeira. E, porque não, as mudanças ocorridas com as ondas do mar? A este cérebro pouco lhe escaparia, tal era ânsia de penetrar no interior dos peixes para ver como eram constituídos!  


Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 11

Referiu-se anteriormente que:
1. Um ser pode ser actualmente ou apenas ser uma possibilidade.
2. As coisas têm um potencial, -capacidade intrínseca que leva a matéria constituinte a assumir uma forma.
Para entender a fusão entre a forma e a matéria, ie, como as coisas vêm a ser, distinguimos:

Potência
Coisa que tende a ser outra, capacidade de chegar a ser algo que ainda não é de facto, mas pode vir a ser, pura receptividade material.
(semente - árvore em potência)

Acto
-Concede a realidade à coisa, cumprimento, realização, perfeição, actualização e desenvolvimento das potencialidades de uma substância ou do que estava em potência.
-algo que já está, foi realizado, efectivamente é, existe, manifesta-se actualmente (árvore – semente em acto)

                  Forma







Acidente
Toda a mudança natural, transformação ocorrida na substância, traduz-se por uma passagem de uma possibilidade para uma realidade. 
A semente encerra a possibilidade de se transformar em árvore.
Houve uma seca.
- Dá-se um acontecimento que impede que a forma se transforme no que ela é em potência.
A substância manifesta-se através dos acidentes.
- Refere-se à substância e a integra, mas não necessariamente.
– Atributo circunstancial e não essencial dos seres
- Não ocorre permanentemente, só às vezes devido a qualquer casualidade.
- Pertence ao ser, mas não é necessário para a sua definição.
- Não descaracteriza o ser com a sua falta.
- Determinação secundária e cambiante do ser, só através doutro se revela.
- Leva a ser inerente ou não ao “ser”.
- Representa os vários sentidos que se podem dizer daquilo que é: qualidade, quantidade, lugar, tempo, acção, relação.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 10

O que é bonito em Aristóteles?


É, pelo que se vê até aqui e pelo que mais virá, a sua acutilante observação, ciente do conhecimento do seu tempo, induz e depois deduz, sem recurso às relações quantificáveis das coisas, apura a razão e penetra na essência das coisas, deixando-nos uma base segura para novas descobertas. Narra-nos a base para novos apuramentos.   

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 9

Aristóteles procura a arché, -substância primordial.
Interroga-se:
-Deve haver uma ousía, - substância que permaneça nas mudanças, em que é o sujeito que as sofre e através dele leva a cabo essas transformações?
Do seu reflectir conclui 5 substâncias primordiais: Ar, água, terra, fogo e éter.
Para ele, a essência das coisas está nelas próprias e não se separa do mundo das formas e ideias perfeitas, isto é, a essência está na substância.

Substância Coisa”

Forma
Informa a matéria, o que a matéria faz, princípio de organização ou orientação, explicação, identifica, características próprias, faz com que, sem a qual não há ser, causa de ser, desaparecendo permanece a substância, princípio de movimento.
Matéria
Debaixo da forma, tem sempre uma forma, a sua natureza deve-se à forma, subjaz a uma transformação da substância, aquilo de que a coisa é feita, tem um potencial, -capacidade de assumir uma forma. Matéria sem forma não existe. A matéria com uma forma pode assumir algumas formas adicionais.
  

Substância
Estável, existe por si, tem existência efectiva, estrutural e essencial, mais intimamente é o ser em si, permanece depois da morte da coisa, determinação fundamental e principal que permite discernir nas coisas o que elas essencialmente são, material da sua composição, fusão da forma com a matéria.



terça-feira, 25 de novembro de 2014

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 8

Uma verdade indesmentível:
Aonde está a genialidade de Aristóteles?
Está no facto de eu e outros ao fim de 25 séculos nos debruçarmos sobre o seu pensamento e sobre as consequências desse pensamento.
Um pensamento que foi e continuará a ser dissecado.
Atrever-me-ia até a dizer: quanto não ansiarão alguns por encontrar as partes que até hoje estão desaparecidas.
Maldito tempo!
A história encontra muita coisa a cada ano que passa.

Por enquanto, ficamos com o seu pensamento sempre que nos expressamos.  

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 7

Qual o porquê de repisar mais para trás?
O motivo está no facto do Pensamento Aristotélico ter voado para Alexandria, andar de mão em mão com os Árabes, abraçar os Judeus e voltar a cair na Europa, ser constante da Escolástica e vir a ser rebatido por muitos, inclusive por M. René Des Cartes.  


Metafísica de Aristóteles

Tem a sua visão pessoal sobre as coisas que se distingue dos seus antecessores, nomeadamente, do seu mestre Platão. Embora, nalguns pontos se verifique a concordância, ele quer ir mais longe.
Perante o “mundo” elevamos o nosso espanto, esse deslumbramento nos impele para o entendimento e para o conhecimento que podemos arrecadar sobre ele.
Dá primazia à experiência adquirida pelos sentidos, os, à observação da realidade como meio para conhecer as coisas. Através dessa observação constata-se e reconhece-se a existência de inúmeros seres, individuais, concretos e mutáveis. Assim, o que sentimos é aceite como elemento da realidade sensível/sensorial e empírica. E, o que existe na nossa mente são reflexos dos objectos da natureza e o expoente máximo de realidade é percebermos com os sentidos.
Localiza a finalidade última das coisas nos objectos físicos, cognoscível através da dita experiência.
Concorda com a afirmação de que a razão é característica mais importante do homem, só que é totalmente vazia se ela não perceber nada, e para perceber só através dos sentidos.

Concorda com a dualidade entre dois mundos: o sensível e o inteligível. Aceita a distinção platónica entre sensação e pensamento, embora rejeite o inatismo platónico, contrapõe a concepção do intelecto como uma tábua rasa, sem ideias inatas.
- O mundo sensível é aquele em que vivemos.   
O objecto dos sentidos é o particular, o contingente, o mutável e o material.
- O mundo inteligível está acima, é diverso e oposto do mundo sensível. Não é um mundo à parte, é o conjunto dos instrumentos intelectuais necessários à inteligibilidade do mundo sensível.
O objecto do intelecto é o universal, o necessário, o imutável, o imaterial, as essências, as formas, os primeiros princípios do ser e o ser absoluto.
As condições de inteligibilidade não são sensíveis, estão separadas do conteúdo imediato da experiência.

Elenca, ainda, outras objecções, nomeadamente, quanto à “Ideia ou Forma” de Platão:
-É um conceito do homem para o homem.
-Concorda que essa “Ideia ou forma” é importante, eterna e imutável.
-Não pode existir antes da experiência adquirida na vivência com tanta galinha.
-São as características da galinha e só a ela podem ser atribuídas. Rebate que as “Ideias ou Formas” estão dentro das próprias coisas, são intrínsecas aos objectos, só nos seres existem, não podem existir para além deles e devem ser estudadas em relação a eles, a realidade é deles. Logo, a “galinha em si” e a “forma galinha” são duas coisas inseparáveis, ie, a “Ideia ou Forma” não constitui uma realidade separada.
-São impotentes só por si para explicar:
.As transformações das coisas e a sua extinção definitiva.
.Não são a causa do movimento e da alteração nos objectos físicos das sensações.
.Como se chega ao conhecimento e á existência das coisas ou objectos particulares.

As características das coisas apenas nos mostram como as coisas estão, mas não definem ou determinam o que elas são. É preciso investigar as condições que fazem as coisas existirem, aquilo que determina o que elas são e como são.
Viu-se, então, na necessidade de investigar sobre “o que” as coisas são. É na obra “Metafísica” que nos convida a caminhar nesse sentido.
Para o fim a que se propõe elenca vários conceitos, alguns dos quais se interligam: substância, forma/essência, matéria, acidente, potência, acto e movimento.


Vai estabelecer como objecto do seu pensamento a forma. 

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 6

Metafísica de Platão



A questão principal da Filosofia Primeira Aristotélica é o que significa substância real ou verdadeira?

Platão resolve a questão com “Teoria das Ideias ou das formas Eternas”, onde admite que essas formas constituem o “Mundo Inteligível”, um mundo que não se apresenta aos sentidos. É neste mundo que está a realidade última, nele se encontra a essência das coisas, onde as propriedades das coisas são abstractas e as entidades universais existem independentemente dos próprios objectos. Admite que esse mundo é cognoscível através da reflexão e da razão, e por esta via se atinge o expoente máximo da referida realidade.
Concebe a “Ideia ou Forma Eterna” como a única verdade permanente, como elemento universal e invariável do conhecimento e da existência, e que está para além da mudança segundo os fenómenos dos sentidos.
Ele quase não dava valor ao mundo dos sentidos, o seu apreço pelo que se passava à sua volta era superficial. Queria fugir da Caverna, vivia em contemplação no sentido de atingir esse “Mundo Inteligível”.
O objecto do seu pensamento é a “Ideia”.
Realmente, assistia ao passar de muitas e variadas galinhas, só que todas elas acabavam por morrer. Mas, o que verdadeiramente lhe interessava era a “Ideia de Galinha”. Bem podiam morrer as galinhas todas, só que a “Forma Galinha” era eterna e imutável. 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 5


Metafísica de Aristóteles


Segundo é dito na obra “Metafísica”:

A Filosofia Primeira existe dada a admiração sentida pelo homem diante das coisas, nasce do amor puro ao saber, da necessidade de perguntar pelo “porque”, pelo “como”, pelas “razões” e pelo “porquê último”. Não tem finalidades práticas e não está ligada a nenhum bem material.
Orienta e faz recair o pensamento sobre:
-Existência no seu estado fundamental, do ser como/enquanto ser, e sobre os atributos essenciais dessa existência;
-O universal e o necessário, as formas e as suas relações;
-Os primeiros princípios do conhecimento e as condições finais de toda a existência;
-As essências imutáveis e a razão última das coisas;
-A substância e a substância supra sensível, onde se inclui a Substância Primeira.
Ao passo que as outras ciências, tomam uma parte deste ser, e só se ocupam do estudo desta parte; tal é o caso das matemáticas.
A ciência experimental indaga apenas factos. 
Os axiomas da ciência caem sob a consideração da metafísica na medida em que são propriedades de toda a existência.

A sua questão principal é o que significa substância real ou verdadeira?

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 4

Quando escrevemos e lemos vimos a constatar que tal não é gostoso, como que nos falta sempre algo mais.
E, vem à ideia:
"O ignorante afirma, o sábio duvida e o sensato reflecte"
Aristóteles
Reflecte sobre o que escreve, sobre a sua intenção, sobre o objectivo que pretende alcançar.
Peregrinar até à Metafísica de RD é procurar e percorrer os caminhos por onde ele andou antes de estabelecer o seu pensamento.
Até aqui, caminhei como se me atirasse à piscina, mergulhasse e saísse dela na outra margem.
Ora, os caminhos antecedentes de RD são de outro tipo, são do tipo atirar à piscina, desenvolver uma corrida de bruços, onde temos que aspirar o ar, mergulhar superficialmente e impulsionar os braços e pernas, num movimento próprio, de modo a que o corpo se estenda sobre a água o mais longe quanto possível.  
Portanto, olhando para trás, o que foi escrito traduz-se por: é pouco.
Mas, se queremos chegar a Des Cartes não podemos cair na tentação de grandes alongamentos sobre os caminhos anteriores por ele percorridos, há que recair no mais importante.
Vistas bem as coisas, tal não passa de uma peregrinação.

Sereno, com toda a calma, sem dispersão, ando por aí. O caminho atrai. 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 3


No entanto, os princípios e as causas antes referidas não deixam de ser condições de base para que as coisas existam e possam ser conhecidas, de acordo com o alinhamento de Aristóteles.
O grande observador constata as coisas movem-se, transformam-se, tem um novo problema, -o movimento. Pensando bem, a substância abarca a forma que é imóvel e a matéria que se transforma.
Considerando: Apetece-me assar uma chouriça de sangue, tenho o assador de barro vermelho onde a vou colocar. Pego num bocado de álcool e verto-o no assador.
É certo que se chegar um fósforo aceso ao álcool ele torna-se incandescente e liberta calor intenso que vai assando a minha chouriça.  
O álcool tem a capacidade de se incandescer, -potencial, mas para além da capacidade de iluminar tem a capacidade de libertar calor. Como se verifica foi preciso algo estranho para o álcool alterar a sua realidade, ie, passar da potência ao acto.

Admite, então, que as coisas são dotadas de potência, um poder que encerram em si e que pode dar origem à modificação da sua realidade, à sua transformação, ao seu deslocamento. Esta noção é importantíssima e pode vir a despoletar novos desenvolvimentos no futuro.    

sábado, 8 de novembro de 2014

Metafísica de Aristóteles - MD - Momento 2

É esquisito trazer aqui Aristóteles e outros quando me proponho expressar coisas acerca da metafísica de RD! Deixo os momentos acontecerem, os alongamentos justificarão a exclamação. 
Aristóteles depara-se com as coisas, coisas que se transformam.
Pelo que se averigua até agora é que, o carácter distintivo de cada coisa individual é representado em termos de matéria e forma.  
A matéria,
-Aquilo de que a coisa é feita,
(ferro)
-Tem sempre uma forma, tem em si um princípio de organização que o torna num tipo de material, em vez de outro.  
(O ferro de um machado tem de ter a forma de ferro antes de se tornar o material para o machado. Se o material tivesse outra forma, não seria o ferro, mas seria outro que se adequaria ou não à construção da peça). Podemos dizer então que, a natureza de um material deve-se à sua forma. Assumidamente, matéria é a capacidade de assumir uma forma.   
Mas, Aristóteles vai mais longe, a matéria sem qualquer forma, sem tamanho, textura, estrutura, cor, temperatura, simplesmente não pode existir.
Contudo, Aristóteles aprofunda ainda mais, se eu quebrar uma coisa até aos seus elementos base, (terra, ar, fogo e água) ainda será uma combinação de matéria e forma.
Da sua observação do mundo e ao raciocinar sobre a sua estruturação constata que existe uma lógica por trás do existir das coisas e do seu modo de existir, o que o leva a estabelecer condições necessárias para garantir a sua realidade, o seu existir e que nos permite conhecê-las.

Assim, considerando uma coisa a, concretizando a coisa a é uma proposição.
Enuncia:
1 – Regra da Identidade (auto evidência)
Uma proposição é sempre igual a si mesmo.
a = a
2 – Regra da Não-Contradição
No mesmo tempo, a proposição não pode ser simultaneamente verdadeira e falsa.
3 - Regra do Terceiro Excluído
A proposição a é verdadeira ou é falsa, não sendo possível colocar outra opção.

Encontra ou propõe, ainda, quatro causas:
Considerando: pretendo que o grande calhau que coloquei no cimo do monte role por ele abaixo. 
Causa material - a matéria da qual é feita a essência das coisas.
O minério que constitui o calhau.
Causa formal - forma da essência.
A inclinação do monte.
Causa eficiente – informa-nos como a matéria recebeu determinada forma.
O empurrão que lhe infligi.
Causa final – a causa que determina a finalidade das coisas existirem e serem como são.
A predisposição inerente ao calhau de só parar no plano situado lá em baixo.

Ora, é esta causa final que gere macaquinhos na mente de RD, os, as coisas do mundo serem determinadas pela finalidade de existirem e serem como são, para além de algo mais.