sábado, 30 de maio de 2015

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Tales de Mileto

Metafísica de Des Cartes - Momento 58

Aspectos Metafísicos de Tales (7)
(...)
O Universo de Tales
Tales, pela primeira vez, com recurso à observação, à especulação e ao raciocínio, vai responder à pergunta: De que é feito o Universo?
Elabora uma teoria cosmológica explicativa do universo e da existência, com influência mesopotâmica e egípcia, que assume a concepção, embora vaga, que predominava entre os gregos, e ao mesmo tempo carrega originalidade.  
Quer com a intermediação Deus – Physis, quer sem ela, Tales dá preponderância a essa Physis, unidade natural e material, que assume o papel de ser a unidade primordial.
O universo foi gerado e é constituído por essa única unidade. Assim, o universo tem um fundamento, um princípio único existencial, que através de um processo físico dá origem aos outros constituintes da natureza: terra, fogo e ar. Esse princípio, a bem dizer, acaba por ser dois princípios: Arché e Animo.
1.1 Arché, é o princípio conducente à existência e causa da existência, tal que, a unidade se mantém idêntica na transmutação das suas alterações e imutada nas várias formas que possa vir a assumir na geração das coisas. A partir da qual, as coisas são originadas, vêm a ser ou são derivadas, (Origem e Causa); nutridas e vivificadas (Manutenção); congregadas (Unificação), e se ultimam na unidade (Finalização/Retorno).
1.2 Animo (sentido animação), é o princípio de movimento e causa do movimento. A Potência Activa, conforme a humidade expressa, penetra a Physis animando-a à deslocação em todo o universo. Fazendo com que a água inicie, mantenha e finalize a deslocação nas e das coisas. A água é uma natureza sempre em movimento (que se move por si mesma) que assume a matéria e imprime a possibilidade de deslocação. Daí, as coisas estarem cheias de Deuses.
Tudo é permeado por essa unidade primordial.
O Universo tem agora uma matéria-prima, com todas as potencialidades para gerar e nutrir os novos seres e os que vêm a ser. O Universo e toda a Matéria (Existência) foram originados pela Água. A Água é o fundamento do Universo e de toda a constituição da Matéria. Todas as coisas são feitas de água e os seus diferentes aspectos devem-se às diversas concentrações de água. Dela derivam e se resolvem todas as coisas. Salienta-se que a diversa existência singular não possui autonomia alguma, é uma modificação, algo acidental e passageiro. Resumindo, tudo vem da água, ela é o sustento da vida e tudo acaba na água, os, tudo pode ser reduzido a água.
O pensamento de Tales dá-nos uma teorização do mundo de âmbito racional, deixando de ser unicamente construída com base no mito, na religião ou na imaginação fantástica - poética. (...)  

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Four Seasons ~ Vivaldi

Metafísica de Des Cartes - Momento 57

Aspectos Metafísicos de Tales de Mileto (6)
(...)


A Questão de Deus
Esta questão pode ser abordada por dois prismas: Uma decorrente da conceptualização da Physis – Natureza, a qual dá nota de um certo materialismo, no sentido da não crença. A outra vem na sequência da doxografia, tendo em conta as interpretações do conceito de Physis, nomeadamente, de Aristóteles, Aécio e Cícero. A qual está impregnada de um lado mítico, no sentido da crença.      
Primeira abordagem
À água – Physis (natureza), Tales não atribui o papel de Deus, nem o papel dos deuses do Olimpo,  não invoca as palavras Deus e Alma, no sentido mítico actual,  embora se saliente uma certa conotação divina.  Tales não diz, não afirma, que a água é a algo sobrenatural, para ele a água é algo natural e material, é simplesmente a ‘natureza’ – Physis Material.
Em certa medida, a ideia de deuses é contrária ao materialismo que Tales nos induz. Quando define a realidade, escolhe um ‘elemento’, não um deus.   A força motriz não era um ser sobrenatural.   Era uma força dentro do próprio universo.   Tales nunca invocou um poder que não estava presente na própria natureza, porque ele acreditava que ele havia reconhecido uma força que impulsionou os eventos da natureza.
Quando afirma:  as coisas estão cheias de deuses,  tal vai no sentido de animação, os, iniciar, manter e finalizar o movimento das/nas coisas.
É possível que Tales não perfilhasse a crença num Deus e até tenha rejeitado os antigos deuses.
Segunda abordagem
Platão
Tales não constava das principais linhas de Platão. Mas, ao ler certas passagens de Platão, na Apologia de Sócrates, no Cratylus, no Timeu e nas Leis, nota-se que Platão se converteu à ideia de alma numa teoria de que "todas as coisas estão cheias de deuses", o que por sua vez vem a influenciar Aristóteles.
Aristóteles 
“É deste modo, que os filósofos, dos quais tratamos, asseveram que nenhuma das outras coisas, nem nasce, e nem morre, porque deve haver ali uma qualquer realidade, seja uma, ou seja múltipla, a partir do que todo o resto é engendrado, mas que ela mesma é conservada”.
Aristóteles defende que Tales e seus sucessores podiam admitir uma natureza suprema (Deus, Espírito):
-Outra realidade una ou múltipla,
-que se conserva a si mesmo,
-e que origina todo o resto.
Tales foi o primeiro a proclamar a imortalidade dessa natureza suprema, pois a concebia como um elemento intrínseco à matéria.
Com esta noção introduz uma concepção de Deus encontrada através da razão.  
Écio
A inteligência do mundo é o Deus, porque tudo está simultaneamente animado e cheio de deuses; o húmido elementar é penetrado pela potência divina que o põe em movimento.
A interpretação de Aécio sobre o pensamento de Tales, admite a possibilidade de ele ter considerado a existência de uma entidade suprema, entidade que é a inteligência do mundo. Baseia-se nas razões de o húmido ser penetrado por uma potência divina e o mundo estar simultaneamente animado e cheio de deuses. 
Cícero:
Tales de Mileto, que pela primeira vez formulou perguntas sobre tais temas, disse, que a água é o começo dos seres e que Deus é esta mente que fez da água Tudo.
Cícero sublinha que a água é origem dos seres e Deus é a mente que fez da água tudo.
Ao ler a documentação à mão sobre o assunto, uma pergunta salta na mente:
Mas, como é que a Physis ganhou esse poder de se animar a si mesmo (quem causou o movimento que adquiriu), e por sua vez animar as outras coisas (a capacidade de transmitir o movimento)?
Se as coisas se movem é porque estão vivas. E se estão vivas é porque uma Força Activa é inseparável delas. Essa força é originada pela água, mas como surgiu essa capacidade da água? 
Estava em aberto quem originou essa Physis Material, esse fundamento, causa de existência e causa de movimento, visto que esta originou todo o resto.
Tales não fecha a porta à existência de uma entidade sobrenatural superior, inteligência superior que concede à Physis fundamento e origem, e se constitui como uma Força Activa Permanente. No entanto, fica a dúvida se não poderá ser uma ou mais que uma.
A humidade espelha a evidência da penetração na Physis de uma Potência Superior que a põe em movimento.
É de considerar uma só entidade, cujas características seriam as seguintes:
Sobre si mesmo:
1 – Não nasce, nem morre, é eterna (similitude com os deuses).
2 - Pensa, é a inteligência e a consciência do mundo.
3 - Anima-se a si mesmo perpectuamente.
4 - Conserva-se a si mesma.
E, em relação a todas as coisas do mundo:
5 - Inseparável de toda a matéria (e inseparável dos deuses).
6 - Fundamento das coisas.
7 - Origem das coisas. A partir dela tudo é engendrado.
8 - Anima as coisas, é uma força activa (potência) permanente.
9 - Mantém as coisas.
10 - Finaliza as coisas.

11 - Concede à Physis – ‘Natureza’, a água, parte das suas características de ser. Ou seja, gere-a, mantém-na, concede-lhe a incumbência de ser a génese e o constituinte do universo, anima-a permanentemente, de tal modo que tenha sempre a possibilidade de animar os seres que cria ou venham a ser; e, por fim, finaliza-a. Sintetizando: Concede-lhe a possibilidade de ser algo natural, constituindo-se como a essência da materialidade. (...)

Metafísica de Des Cartes - Momento 56

Aspectos Metafísicos de Tales de Mileto (5)
(...)


A Água, Princípio de Movimento


Ele questionou-se:
O que dá início ao movimento das coisas?
O que o mantém?
Como é que a água, sendo o único fundamento e origem das coisas, se poderia transformar noutra coisa?
Como é que ela se transformava?
O que entendia exactamente por água?
Água encontrava-se em constante movimento, sofria mudanças de estado, fazia surgir nova formas de vida, e por fases variáveis que se iam repetindo, ora num sentido, ora noutro, ia garantindo o desenvolvimento das coisas. Ela como que se move por movimento próprio e contínuo, sem que algo de diferente a si própria se movesse.
Ele acaba por concluir:
– A água é o que se anima permanentemente e provoca o movimento das coisas.
Em apoio desta ideia, Tales avança com outra ideia.
Escolhe um material, a magnetite (âmbar), para mostrar que a matéria assume o movimento e está em constante movimento. A magnetite ao atrair o ferro é a prova da animação universal das coisas (a força do ímã é a manifestação da sua capacidade de se animar e animar as outras coisas).
A talhe de foice Platão, assumindo o pensamento de Tales, introduz uma ideia a não negligenciar: as coisas se desenrolavam segundo processos cíclicos.
Voltando a
Aristóteles, A Alma:
"Tales, também, a julgar pelo que foi registado como seus pontos de vista, parece supor que a alma é, em certo sentido a causa do movimento, já que ele diz que uma pedra [ímã, ou magnetite] tem uma alma, porque faz com que o ferro adquira movimento " "Alguns pensam que a alma permeia todo o universo, de onde, talvez, tenha vindo a visão de Tales de que tudo está cheio de deuses" …
«Mesmo os seres aparentemente inanimados podem estar vivos».
Em certo sentido, a alma é a causa do movimento.
Esta frase indica uma reflexão acerca da participação da alma na totalidade constitutiva do real. O movimento é o modo anímico da alma se manifestar na realidade
A alma ao permear o universo significa que o movimento campeia no universo. Estamos perante um princípio material segundo o qual tinha evoluído todo o Universo, podendo as coisas se diferenciarem por diversos aspectos.
É certo, portanto, que este princípio causador do movimento é uma natureza sempre em movimento, ou que se move por si mesma, que assume a matéria e imprime a possibilidade do movimento. Tales ao perceber que as coisas no mundo estão em constante movimento, leva-o a afirmar que todas as coisas estão cheias de deuses, o que quer dizer:
-Tudo é permeado pelo princípio originário.
E, como o princípio originário é vida, tudo é vivo e tudo tem uma alma (panpsiquismo). Completando, se as coisas se movem é porque estão vivas.
Ao estabelecer que tudo era constituído por uma unidade primordial, já não é só um Filósofo Físico ou Natural ao apresentar um princípio físico e material, é também um Filósofo Unitarista ou Monista. Como ele apresenta esta explicação pela primeira vez é considerado na filosofia ocidental como o pai da Filosofia Monista ou Unitarista.    
Pelo que se vê até aqui, ele inicia uma explicação Naturalista para os diversos fenómenos com que se deparava. Ele inicia o problema da natureza da matéria e a sua transformação em todos os compostos do universo. Acreditava que a coisa material sofria transformações ao longo do tempo.
Ao afirmar "O mundo evoluiu da água por processos naturais" esboça os primeiros passos do pensamento evolucionista.
O conceito Physis foi elaborado em primeiro lugar como fundamento (‘natureza’ ou essência), depois como princípio causador da existência (origem) e agora completa-se com princípio causador do movimento (alma).

O vir-a-ser da terra teria fornecido a comprovação da sua doutrina.  
(...)

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Metafísica de Des Cartes - Momento 55

Aspectos Metafísicos de Tales de Mileto (4)
(...)


A Água, Princípio de Existência

Ao caracterizar a água, Tales avança em profundidade no seu raciocínio.
Ela origina tanta coisa, ele é o “quê” de onde as coisas provêm e pela qual elas existem.  
Mais, a água é:
-O sustentáculo permanente que mantém todas as coisas, os, aquilo pelo qual elas subsistem.
Mas, todas as coisas se reduzem a água, ela é aquilo no qual se concluem, é o termo último de todas as coisas;
A água já não é só a unidade primordial, é também a origem das coisas, o sustento permanente que mantém as coisas e o seu fim último.
Uma outra grande conclusão que Tales retira é que – A Água é origem das coisas, sendo certo que também é a sua manutenção e fim.  
Indo ao encontro de
Aristóteles, Metafísica:
;  e é a partir da qual todas as coisas vêm a ser, é o seu primeiro princípio.
…Além disso, outro motivo para a suposição seria que a origem de todas as coisas tem uma natureza húmida.
…Que a partir da qual todas as coisas vêm a ser é o seu primeiro princípio”.
Aristóteles “acreditava que as razões que ele propunha foram, provavelmente, os factores persuasivos para as suas considerações”.  
“… Arché, …, aquilo do qual derivam originariamente e no qual se ultimam todos os seres, … uma realidade que permanece idêntica no transmutar-se de suas alterações, …, que continua a existir imutada, mesmo através do processo gerador de todas as coisas”.
Segundo a interpretação de Aristóteles sobre as ideias de Tales, a água para além de ser a natureza das coisas, constituiu-se como Arché - Princípio caracterizado por ser:  
-Algo a partir do qual derivam originariamente as coisas,
-Algo que permanece idêntico na transmutação e que continua a existir imutado. 
-E, se ultimam as coisas.
Tales, faz escola, buscava um princípio unificador imutável, ao qual Aristóteles etiquetou de arché, origem, substrato e causa de todas as coisas. É uma “espécie” de princípio fundacional a partir do qual todas as coisas são geradas, nutridas, congregadas e vivificadas, ie, é o princípio do qual tudo tem origem. 
Declarando de outro modo: a água é a essência primordial, dotada de um atributo. Atributo esse que é o princípio material e físico, causador de todas as coisas.
Portanto, as outras substâncias seriam derivações dessa substância primordial, apresentando outros modos, por motivos de múltiplos acidentes. Ou, a diversa existência singular não possui autonomia alguma, é algo acidental e passageiro, é uma modificação.
A água é um momento no todo em geral, é um elemento, como mais tarde veio assumir como designação. 
Tudo vem da água, tudo sustenta a sua vida com água e tudo acaba na água, os, tudo pode ser reduzido a água.

É deste sentido de realidade primordial que surge o termo Physis – ‘Natureza’
(...)

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Metafísca de Des Cartes - Momento 54

Aspectos Metafísicos de Tales de Mileto (3)
(...)
A Água, Natureza das coisas

Tales pode ter raciocinado o seguinte: Se a água
-Pode assumir três estados e tem a potencialidade para alterar as coisas.
-Gera o calor
-O calor é importante,
-A seiva é líquida,
-O sémen é líquido,
-Os germes são húmidos,
-Os mortos ressecam,
-A névoa é importante,
-Gera e engrossa a terra,
-É importante na nutrição,
-Origina a vida,
-Existe na ‘Natureza’ em abundância,
-A ‘Natureza’ é húmida,
-Os babilónicos já a consideravam fundamental, e
-Homero e os seus deuses já apontavam a importância de água,
ela é importantíssima no mundo.
Ora, para suportar tanta variação, modificação, transformação, permanecer inalterada e entrar na constituição das coisas, ela faz parte da ‘Natureza’. “Vendo bem”, ela não deriva de outra coisa, não é transitória e persiste apesar de tudo, ela deve ser eterna.
Tales conclui:
“A água é algo fundamental nas e das coisas naturais”
“A água é a unidade primordial”
Para a época era uma resposta mais razoável que outras, pois era claro que a vida dependia da existência da água.
Tales dá o seu acordo aos babilónicos que assumiam esse ponto de vista.
Mas, indo de encontro a
Aristóteles, Metafísica:
“Tales diz que [a natureza das coisas] é a água.
…Podemos supor que as razões de Tales podem ter surgido a partir da observação.
…Pode ter observado, que a nutrição de todas as criaturas é húmida, e que o próprio calor é gerado a partir de humidade e há vida por causa dela…”
Aécio assumindo o pensamento de Tales atribui-lhe o seguinte: "Mesmo o fogo do sol e das estrelas, e na verdade o próprio cosmos são alimentados por evaporação das águas".
Repare-se que Aristóteles nos diz que a (natureza das coisas) é a água e mais à frente dá-nos a entender que Tales releva a água através da observação da humidade nas coisas, subentendendo-se que se as coisas são húmidas é porque são possuídas de água. Portanto, o que há a relevar não é propriamente a humidade, antes a água. Confusão que parece ter existido, tendo em conta as mudanças de estado da água.
Aristóteles salienta um ponto importante: A água é a causa da vida e alimenta o cosmos.
Usando a terminologia de Aristóteles, afirma-se:
A água é a natureza das coisas.    
A água é a essência das coisas.
A água é a substância primordial.
(...)

terça-feira, 19 de maio de 2015

Metafísica de Des Cartes - Momento 53

Aspectos Metafísicos de Tales de Mileto (2)
(...)
Tales de Mileto nas suas reflexões debruçava-se sobre ‘Natureza’, sobre esse mundo natural próximo e sobre os seus quatro elementos fundamentais, terra, ar, fogo e água. Observou com acutilância os materiais e os fenómenos dessa ‘Natureza’. Constata a permanente transformação das coisas umas nas outras. E, pela primeira vez desde sempre, pergunta PORQUÊ? A sua intuição entra em campo. Observa, especula, e parte em busca desse porquê.
Tales vai inaugurar a corrente dos “Pensadores Físicos” ou “Pensadores Naturais”, os, os pensadores que buscavam entender e explicar a origem da ‘Natureza’, bem como do conjunto vastíssimo de coisas que estão para além da proximidade, em suma o universo. Mas, essa ‘Natureza’ englobava outro conjunto de ideias: a ideia de origem, de movimento e de transformação de todas as coisas.

Recaindo sobre quais os motivos que levaram Tales a elencar a água, segundo alguns pensadores que lhe sucederam, como algo muito importante na sua teoria sobre a ‘Natureza’ e de um modo mais englobante o Cosmos.

Suposições de Aristóteles
Tales recorreu a uma forte e minuciosa observação de onde:
-A nutrição de todas as criaturas é húmida,
-O calor é gerado pela humidade.
O que o levaria à conclusão:
-A vida é causada pela humidade.
Depois outra conclusão:
-A humidade é o motivo a partir do qual as coisas vêm a ser

Suposições de Aristóteles e de Aécio, Epicuro, Lucrécio e Ovídio para as observações de Tales:
-Pode ter recorrido à crença mítica, encontrada em Homero e outros, que consideravam Oceano e Tétis o início de toda a geração e que também haviam sustentado a crença de que os deuses juravam sobre o Estige (Rio dos Infernos), destacando que aquilo sobre o que se jura é precisamente aquilo que é o primeiro e supremo (o princípio)
-O sémen é húmido.
-A potencialidade da água para mudar inúmeras coisas de que o universo é feito, -mudar o estado das coisas.
-Mais do que qualquer outra coisa, a água apresenta mudanças sensíveis, a água apresenta-se nos três estados: líquido, vapor e gelo. Ao ser aquecida, passa a vapor (evaporação). Arrefecendo, retorna ao estado líquido (liquefacção), quando funde passa a gelo (solidificação).
-A capacidade nutritiva da névoa.
-As teorias antigas sobre a geração espontânea (crença que durou séculos).

Outras suposições que poderiam estar ao alcance de Tales e da sua observação:
-A atenção prestada à metalurgia de então, verificava-se que o calor podia fazer voltar metais ao estado líquido.
-O calor necessita de água.
-Pode fazer gerar terra (crença que durou séculos) ou engrossar a Terra. É o caso dos depósitos aluviais de sedimentos efectuados pelos rios, ao longo do tempo, junto á foz, o que obrigava ao deslocamento das populações e das actividades. O que também sugere a condensação da água em terra.
-Os mortos ressecam.
-Os germes são húmidos
-Os alimentos contêm seiva.
-A natureza é húmida
-Realiza as potencialidades para a nutrição e geração de todo o cosmos.  
-É provável que a ideia “a água elemento essencial” provenha dos babilónios. (...)

sexta-feira, 15 de maio de 2015

El Mecanismo del Universo

Metafísica de Des Cartes - Momento 52

Aspectos Metafísicos de Tales de Mileto (1)


Os Egípcios e Mesopotâmicos (Babilónicos) Consideravam:
-A água, o ar e a terra os “elementos” primários da natureza,
Os Babilónicos concebiam a forma da terra como plana, espécie de disco, apoiado sobre a água, como um navio, cujas bordas são mais altas e que por isso não afunda.
Os Gregos, segundo a sua mitologia, formada pelo que percepcionavam através dos sentidos e que depois era incrementado pela imaginação, consideravam, assim como os Fenícios, os “elementos” da Natureza (o Sol, a Terra, o Céu, o Oceano, as Montanhas, etc.):
-Deuses,
-Seres activos,
-Dotados de consciência,
-Forças autónomas com o poder de deslocação,
-Apresentavam sentimentos, vontades e desejos.
-Fonte e essência de todas as coisas do universo.
Todos os fenómenos eram explicados através da vertente mítica e religiosa.
A passagem da consciência mítica e religiosa para a consciência racional e filosófica teve o seu tempo de duração. Ao longo do tempo desenrolou-se na sociedade grega a coexistência dos dois tipos de consciência.
Na época de Tales, os pensamentos racional e filosófico eram ainda povoados por elementos mágicos e mitológicos.
O Período Pré-Socrático é o conjunto de pensamentos desenvolvidos desde Tales de Mileto (625-546 a.C.) até Sócrates (468-399 a.C.).
Os Pensadores Pré-Socráticos verificavam, em muitos casos, que as coisas surgiam, se deslocavam, se modificavam, cresciam, envelheciam, deixavam de existir, e noutros casos voltavam a existir. As coisas aconteciam, deixavam de acontecer e até voltavam de novo a acontecer. Eles assistiam à permanente transformação das coisas. No seu mundo eles estavam perante diversos fenómenos e diversos materiais que se alteravam.
Eles sofriam de espanto e questionavam-se!
Como é possível que todas as coisas mudem e desapareçam? E, mesmo assim, como é possível o seu mundo natural continuar sempre o mesmo?
Alguns desses Pensadores preocupavam-se e queriam entender a natureza da matéria e a sua transformação numa multiplicidade de coisas constituintes do seu mundo, mundo enquanto proximidade e para além da proximidade, conjunto apelidado de universo.
Colocavam-se problemas:
1-Determinar o que é uma coisa,
2-Examinar a procedência e o retorno das coisas.
3-Como explicar que todas as coisas poderiam vir a ser a partir de alguma coisa e retornar em última instância à coisa material original.
4-Procurar um princípio único e fundamental para a natureza primordial. Princípio do qual se pudesse extrair explicações para os fenómenos naturais e que permanecesse estável junto ao sucessivo vir-a-ser.
5-Explicar o universo.
(...)

Metafísica de Des Cartes - Momento 51

Aspectos da Vida de Tales VI
(...)

Ele foi um visionário, percebia a realidade muito além de seu tempo.
Não foi só um comerciante próspero e um estadista dedicado à sua cidade e ao seu povo, foi também um amante do saber. Na parte final da sua vida dedicou-se mais afinco aos fundamentos da vida, da natureza e do universo.
Instituiu a Escola Jónica ou de Mileto, de que fizeram parte o seu Discípulo Anaximandro e Anaxímenes discípulo deste último.
Os seus estudos sobre a geometria, a astronomia e a filosofia natural levaram à sua imortalização por parte dos seus compatriotas. Os quais lhe atribuíram a fundação desses campos do saber.
Segundo a lenda e a tradição foi o primeiro teórico a formular um pensamento mais sistemático fundado em bases racionais, afastado dos aspectos míticos e religiosos e dos fantásticos e poéticos. Por ter fundado essa nova forma de pensar é considerado o primeiro filósofo, inaugurando uma longa linhagem filosófica no Ocidente. Para essa etiqueta muito contribui Aristóteles.
Aristóteles, confirma-o: Tales, o primeiro filósofo.
Os seus pensamentos giravam em torno dos assuntos da natureza e dos seus quatro ‘elementos’ (Terra, Ar, Fogo e Água). Ele observa e especula, ele indaga a natureza com mais profundidade. Parte à procura da unidade primordial, a Physis – ‘Natureza’, que para ele vem a ser a água, unidade de cariz natural e física.
Segundo se diz: Esforçou-se em esboçar sequências regulares de argumentos para as relações matemáticas, depois procurou ordenar tudo aquilo que já fora acumulado por seus predecessores e por fim, passo a passo, tenta encontrar a prova final inevitável consequência do antes tratado. Pela primeira vez, gere-se uma matemática dedutiva.

Diógenes Laércio
"Tales, o sábio, presenciando um combate ginástico, sucumbiu por causa do calor, da sede e do esgotamento da velhice" .
"Sobre a sua tumba colocou-se a seguinte inscrição:
Contempla aqui a tumba de um génio poderoso, Tales!
Este monumento pouco vale, sua glória, porém se eleva até aos céus"!
“Morreu com 78 anos durante a 58 ª Olimpíada (548-545 a.C.) “.

Os filósofos Influenciados por Tales de Mileto são: Anaximandro, Anaxímenes e Pitágoras. 

Metafísica de Des Cartes - Momento 50

Aspectos da Vida de Tales V
(...)

Na sua época, Mileto era uma cidade portuária rica, com uma localização privilegiada para o comércio marítimo e a riqueza da cidade era resultado do seu sucesso como centro comercial.
Estrabão
‘A terra ao redor do Rio Halys era fértil, produzia de tudo e estava carregada de Oliveiras’.
Os comerciantes de Mileto tinham acesso ao interior a fim de adquirir os diversos produtos, nomeadamente a lã e o azeite, que depois trocavam por ferro, madeira e atum, entre outros bens vindos do exterior.  
A boa situação da cidade nas rotas comerciais permitia facilidade em conseguir uma passagem num dos muitos navios que atracavam a cidade.
Por outro lado, Mileto havia fundado muitas colónias ao redor do Mediterrâneo e ao longo da costa do Mar Negro.  
Tales foi considerado um mercador e produtor de azeite em Mileto e Chios, mas os seus interesses podem ter se expandido para além desses dois lugares.  
Eudemo
Acreditava que Tales viajou para o Egipto.
Diógenes Laércio
-Indica que Pamphila considerava que passou uma temporada no Egipto.
-Indica que Plutarco considerava que ele deu uma explicação para os problemas da inundação do Nilo.  
-Numa suposta carta de Tales para Pherecydes, Tales afirmou que ele e Sólon tinham visitado Creta, o Egipto, Hellas e a Ásia para conversar com os sacerdotes e astrónomos.
Heródoto
-Rejeitou a hipótese levantada por Plutarco, referida atrás.
-No início do século VII a.C., Mileto tinha uma concessão comercial no Egipto, é possível que ele se tenha dirigido a esta concessão com fins comerciais e de angariação de conhecimentos.
-Indica que ele visitou Creso na capital Sardes.  A partir desta cidade, reúne forte possibilidade o facto de ele se ter juntado a uma caravana para fazer a viagem de três meses ao longo da Estrada Real, para visitar os observatórios na Babilónia, e buscar o conhecimento acumulado ao longo de séculos através da observação dos fenómenos celestiais.  
Josephus
Indica que foi um discípulo dos egípcios e dos caldeus. É possível que tenha visitado os babilónios e os caldeus, o que lhe possibilitou o acesso a registos astrológicos.
Muito pouco se pode afirmar com certeza sobre as viagens de Tales, mas parece ser provável que ele tenha procurado informações de quaisquer fontes de conhecimento e sabedoria, no Próximo Oriente.

Em princípio, oportunidades para viajar não lhe faltavam. (...)

Metafísica de Des Cartes - Momento 49

Aspectos da Vida de Tales IV
(...)
Na sua época, Mileto era uma cidade portuária rica, com uma localização privilegiada para o comércio marítimo e a riqueza da cidade era resultado do seu sucesso como centro comercial.
Estrabão
‘A terra ao redor do Rio Halys era fértil, produzia de tudo e estava carregada de Oliveiras’.
Os comerciantes de Mileto tinham acesso ao interior a fim de adquirir os diversos produtos, nomeadamente a lã e o azeite, que depois trocavam por ferro, madeira e atum, entre outros bens vindos do exterior.  
A boa situação da cidade nas rotas comerciais permitia facilidade em conseguir uma passagem num dos muitos navios que atracavam a cidade.
Por outro lado, Mileto havia fundado muitas colónias ao redor do Mediterrâneo e ao longo da costa do Mar Negro.  
Tales foi considerado um mercador e produtor de azeite em Mileto e Chios, mas os seus interesses podem ter se expandido para além desses dois lugares.  
Eudemo
Acreditava que Tales viajou para o Egipto.
Diógenes Laércio
-Indica que Pamphila considerava que passou uma temporada no Egipto.
-Indica que Plutarco considerava que ele deu uma explicação para os problemas da inundação do Nilo.  
-Numa suposta carta de Tales para Pherecydes, Tales afirmou que ele e Sólon tinham visitado Creta, o Egipto, Hellas e a Ásia para conversar com os sacerdotes e astrónomos.
Heródoto
-Rejeitou a hipótese levantada por Plutarco, referida atrás.
-No início do século VII a.C., Mileto tinha uma concessão comercial no Egipto, é possível que ele se tenha dirigido a esta concessão com fins comerciais e de angariação de conhecimentos.
-Indica que ele visitou Creso na capital Sardes.  A partir desta cidade, reúne forte possibilidade o facto de ele se ter juntado a uma caravana para fazer a viagem de três meses ao longo da Estrada Real, para visitar os observatórios na Babilónia, e buscar o conhecimento acumulado ao longo de séculos através da observação dos fenómenos celestiais.  
Josephus
Indica que foi um discípulo dos egípcios e dos caldeus. É possível que tenha visitado os babilónios e os caldeus, o que lhe possibilitou o acesso a registos astrológicos.
Muito pouco se pode afirmar com certeza sobre as viagens de Tales, mas parece ser provável que ele tenha procurado informações de quaisquer fontes de conhecimento e sabedoria, no Próximo Oriente.
Em princípio, oportunidades para viajar não lhe faltavam. (...)