terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Sobre o "Fim do Mundo"

Como é do conhecimento geral existem uns tantos, desde há milhares de anos, que é do seu prazer expressar longas teorias ou explanações sobre “o fim do mundo”.
Pergunta-se qual “mundo”?
Será o mundo império da possibilidade, onde todas as coisas vagueiam, em todas as direcções tangentes a todas as curvas de variação, a perder totalmente de vista, se desconhece o seu início e é palco do mundo próximo?
Será o mundo próximo, onde o “eu” e a “coisa” se conjugam em circunstancialismo, por possibilidade e se desconjugam por impossibilidade, em que as circunstâncias não se encontra reunidas?
O “eu” é algo incompleto que procura evoluir pelo império e a “coisa” é lata e vaga. Apesar das várias conjugações estabelecidas entre eles é possível haver outras conjugações que, ainda, não atravessaram o entendimento.
Será o fim do “eu”, e por consequência, o fim de qualquer conjugação que ele possa estabelecer?
Mas, repare-se no conjunto império de tantas e tantas coisas, a grande parte fora do entendimento do eu, é sempre possível conjugar duas coisas, podendo muito bem ser, não já o “eu” e a “coisa” referidos, mas “outro eu” e “outra coisa”.
Face à dimensão colossal de tal império, para além de todos os limites do nosso entendimento, ele enquanto possibilidade em si, será eterno.
É bem possível que, se todos os “eus” não criem as condições necessárias e suficientes à sua manutenção no “mundo próximo”, em que são, mas não são nas mesmas condições de determinação das circunstâncias, bem podem deixar ser. Quem é, mas não é, no mesmo quadro de circunstâncias?

Nesse império de possibilidade haverá lugar para ser, não ser, no mesmo quadro de circunstâncias?
A resolução deste enigma, bem poderá ser (ou, provavelmente será) o fim de um mundo e o início de outro.
Somos prisioneiros do pensamento. Melhor dizendo, somos prisioneiros da “ideia”. Acima de tudo, somos prisioneiros da variação na extensão, segundo o tempo; porque cada “eu” toma e é parte da variação. 
Só que o “eu” vai acordando segundo determinações pelo somatório de várias épocas. Hoje, é um “eu” aberto e descomprometido, que continua sempre determinado pela possibilidade e se mantém pronto a conjugar-se em novas circunstâncias com nova “coisa” e, assim, jogar num novo “mundo próximo”.
A curiosidade do homem pelas “coisas” e pelo conjunto, designado por “mundo”, onde se determina, é uma grande ferramenta.
O que o homem sempre teve noção é que “o mundo” varia entre extremos e nesse caminho é muitas vezes violento dado o movimento das coisas, dadas as dimensões e proporções dos acontecimentos. O “mundo” põe em causa a vida. Desde sempre, para além do fascínio, teve sempre temor quando ele varia a caminho dos extremos. Ao ter esse temor, o homem procura protecção. É o que chamaria a psicose do desconhecido. Psicose que se revela, também, na ansiedade que se apodera do homem ao querer se inteirar dos múltiplos mecanismos do “mundo”. É melhor eu procurar saber por antecipação, antes que tal coisa possa ocorrer. Isto porque, se sabe que existe um campo de possibilidade, e dentro deste posso destacar outro campo (ou deslocar sobre ele), que é o campo de probabilidade, face à grandiosidade de acontecimentos, muitos deles desconhecidos.
Levou muitos anos, apesar de muitos esforços civilizacionais aqui e ali, para o homem sistematizar o possível e o provável. Ainda hoje, é uma luta sem tréguas, senão de desespero.
Convém salientar que o homem só é se: o mundo variar, mas a tal ponto que se reúnam um conjunto de condições numa extensão, durante um tempo, condições essas que são atributos da sua essência.
Este fascínio pelo que acontece, esta ansiedade em procurar saber e a incapacidade de sentir empurra o “eu” pelo que não vislumbra no seu entendimento. É esta com certeza a esperança.
Apesar de tudo isto, hoje é dia de nova geração e de nova finitude e de novo voltar a ser.

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