quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Leibnuz e os nossos alongamentos sucessivos Pág. 2




sua pequenez é tal que a estrela longínqua é um ponto ou o neutrino na interioridade de um átomo é um ponto. O “ser diminuto” em relação ao ponto traz-nos uma dificuldade, a impossibilidade de concebermos a sua interioridade ou nela influirmos.
Voltando ao formato, em bom rigor, não podemos dizer que ele não assume uma figura. Assume, quando o desenhamos como mancha mínima numa tela. A bem dizer, ele é um objecto que não posso conotar com o zero, é próximo e é possível de ser visível. Claro que se abstraísse mais podia passar do ponto para o infinitésimo, algo que expressa aquilo que denoto não com o zero, se aproxima demasiado dele e não é visível.
Neste sentido diria: Ele é uma substância simples.

Será mesmo uma substância simples conforme a noção estabelecida pela metafísica leibniziana?

-Er liebte es, Euer Gnaden zu sagen, dass ich sehr bewundere für seine Metaphysik. Es ist eine großartige Art und Weise! (Gostava de dizer a vossa senhoria que muito o admiro pela sua metafísica. É um grande caminho!)

Pode acontecer que Leibniz empurre a carroça.

Este ponto considerado ali e há momentos é uma construção abstracta correspondente à impressão mínima no plano dos sentidos, veiculada ao plano da consciência. Com a impressão causada neste plano reflectimos, isto é, estabelecem-se assim relações emocionais, no plano mental a partir dele e segundo as relações dele com o seu correspondente real para lá do plano dos sentidos.
A consciência não suporta a extensão do real, pela evolução só lhe é permitido trabalhar com o grafismo mínimo adimensionado designado por ponto.
A reflexão ondulatória advinda de uma cómoda, com a qual somos impressionados, conduz-nos à esquina, ao ponto de intercepção de três planos (ou de três frisos), ao vértice da cómoda. Essa “ponta fina”, fim de uma coisa para depois dela ser outra, tem uma correspondência na consciência, uma impressão mínima adimensionada. Mas, eu quero mostrar o que é, então desenho um “.” Um fim de uma coisa e um princípio de outra. Aquilo que para nós é a pontinha da esquina da cómoda, ou seja, uma representação criada pela abstracção e imaginação segundo convenções, não deixando de ser um elemento base de qualquer representação do real. Portanto direi, desde já, que o ponto “é” pelo abstrair da extensão e pelo grafismo que lhe acoplamos, forma de o representar e descrever a sua substância.   

É um instrumento de trabalho. O aggregatum de dois pontos estabelece “uma nova posição para onde ir”, e se temos a possibilidade de ir, também temos a possibilidade de voltar, isto é, temos uma direcção para a nossa acção, com dois sentidos, temos uma recta. Atribui-lhe a capacidade de vaguear, de tal modo que, momento a momento, ele vai deixando marcas no terreno. E chegaremos com certeza a estruturas mais complexas. Cada ponto do plenum – universo é o ponto de intercepção de uma infinidade colossal de rectas, desviadas umas da outras pela inclinação angular, estendendo-se cada uma até ao infinito para lá e para cá desse ponto origem. Temos o universo como um conjunto infinito de pontos aconchegados uns aos outros. Separe-se muito ligeiramente os pontos, consideremos um fundo azul-escuro e os pontos todos brancos, com uma palete de cores, ficamos habilitados em dimensionar e enformar o universo. Ou, se fizermos vibrar alguns pontos, com determinadas frequências e intensidades, ficaremos habilitados em ouvir as músicas do universo.
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