sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Sangue do Meu Sangue



Conforme iniciativa do jornal “ Público” está a venda nas bancas este filme de João Canijo. Um filme, também, de Rita Blanco, Ana Moreira, Cleida Almeida, Rafael Morais e por aí fora. Este por aí fora é importantíssimo. Uma obra cinematográfica é uma coisa difícil de concretizar, por uma grande razão, o ser diferente com o empenho extenuado de muitos.
É uma obra premiada.
Se vou ver? Claro.
Deram-me as traves mestras do filme. Tenho boas razões para entrar dentro dele.
Pelo que tenho ouvido e visto, com prazer e admiração, posso dizer que aprecio o trabalho e o pensamento de Rita Blanco.
A minha estima estende-se a outros artistas do teatro e do cinema português. É já difícil escolher.
Um bilhete e umas palmas são grandes contribuições, melhor dizendo, são forças tremendas, vivificam as nossas artes e tonificam a nossa pessoa.  

Com que impressões fiquei?
Vi e ouvi o filme com muito interesse do princípio ao fim.
Deparei-me com o hiper-realismo iluminado e cavalgante até a um final aberto que nos deixa a pensar. Tudo mudará ou algo irá mudar? Tem como fulcro o Complexo de Electra (Jung) que se vai desabrochando até ao clímax, a surpresa, e como pano de fundo os subúrbios e os seus bairros. Presencia-se as vivências e as intensidades dramáticas das suas gentes. Uma mãe que não consegue viver fora dos extremos da vida, que se alimenta dos seus dramas, cujos filhos não lhe dão descanso, em que os outros ocupam a sua própria vida, e que une tudo e sobrevive com o amor a si própria e aos seus. 
Registo as grandes interpretações e contribuições dos diversos intervenientes, demonstrativas de um grande espírito de corpo e de esforço, aproveitando todos os bocadinhos que se possam encontrar em nome da qualidade, a que o Canijo não está alheio. Uma câmara em movimento que procura trazer outros posições para o olhar. A música é qb, o próprio filme já encerra em si uma musicalidade própria. Uma luminosidade excelente que contrasta com tanta “escuridão”.
Gostei imenso do filme e assinalo que o mesmo não fica a dever nada a outros, feitos com meios muito diferentes.
O nosso número junta-se ao valor global das grandes audiências que o filme teve.
Outros filmes haverão, assim se espera, apesar das dificuldades.
Uma sugestão: A necessidade do cinema português se debruçar sobre outros meios e vivências.  

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